- Hoje é
 
 
Home | Quem somos | actividades | Contactos  
Destaques
Recursos  | Documentos | Visitas | Links | Busca
 
 
Deus é Amor!          Aquele que ama conhece a Deus!               Aquele que ama permanece em Deus!          
 :: O dom da Vida
 :: Namoro
 :: Preparar o casamento: CPM
 :: Celebrar o matrimónio
 :: Crescer em família
 :: Rezar em família
 :: Catequese em família
 :: A educação dos filhos
 :: Aconselhamento Familiar
 :: Planeamento familiar natural
 :: Como posso ajudar?
 :: Movimentos Pastoral Familiar
 :: Boletins Informativos

DESTAQUE
 
João Paulo II e a família
(18 de Maio de 1920 a 2 de Abril de 2005)
 

João Paulo II, sucessor do apóstolo Pedro na sede episcopal de Roma, faleceu no dia 2 de Abril de 2005, às 21:37 horas (hora de Roma). Seu pontificado, de quase 27 anos, foi o terceiro mais longo da história da Igreja.

Karol Józef Wojtyla, conhecido como João Paulo II desde a sua eleição ao papado em Outubro de 1978, nasceu em Wadowice, uma pequena cidade a 50 quilómetros da Cracóvia, a 18 de Maio de 1920. Era o segundo dos filhos de Karol Wojtyla e Emilia Kaczorowska. Sua mãe faleceu em 1929. Seu irmão mais velho, Edmund (médico), morreu em 1932 e seu pai (oficial do exército), em 1941.

Aos 9 anos fez a Primeira Comunhão e aos 18 recebeu a Confirmação. Terminados os estudos de ensino médio na escola Marcin Wadowita de Wadowice, matriculou-se em 1938 na Universidade Jagelónica da Cracóvia e numa escola de teatro.

Quando as forças de ocupação nazista fecharam a Universidade, em 1939, o jovem Karol teve de trabalhar numa pedreira e depois numa fábrica química (Solvay), para ganhar a vida e evitar a deportação para a Alemanha.

A partir de 1942, ao sentir a vocação para o sacerdócio, seguiu as aulas de formação do seminário clandestino da Cracóvia, dirigido pelo Arcebispo da Cracóvia, Cardeal Adam Stefan Sapieha. Ao mesmo tempo, foi um dos promotores do «Teatro Rapsódico», também clandestino.

Após a Segunda Guerra Mundial, continuou os seus estudos no seminário maior da Cracóvia, novamente aberto, e na Faculdade de Teologia da Universidade Jagelónica, até sua ordenação sacerdotal em Cracóvia a 1 de Novembro de 1946.

Seguidamente, foi enviado pelo Cardeal Sapieha a Roma, onde, sob a direcção do dominicano francês Garrigou-Lagrange, se doutorou no ano de 1948 em teologia, com uma tese sobre o tema da fé nas obras de São João da Cruz. Naquele período, aproveitou as suas férias para exercer o ministério pastoral entre os imigrantes polacos da França, Bélgica e Holanda.

Em 1948 voltou à Polónia e foi vigário em diversas paróquias da Cracóvia e capelão dos universitários até 1951, quando reiniciou os seus estudos filosóficos e teológicos. Em 1953, apresentou na Universidade Católica de Lublin uma tese titulada «Avaliação da possibilidade de fundar uma ética católica sobre a base do sistema ético de Max Scheler». Depois passou a ser professor de Teologia Moral e Ética Social no seminário maior da Cracóvia e na faculdade de Teologia de Lublin.

Em 4 de Julho de 1958, foi nomeado por Pio XII Bispo Auxiliar da Cracóvia. Recebeu a ordenação episcopal em 28 de Setembro de 1958 na catedral de Wawel (Cracóvia), das mãos do Arcebispo Eugeniusz Baziak.

Em 13 de Janeiro de 1964, foi nomeado Arcebispo da Cracóvia por Paulo VI, que o fez cardeal em 26 de Junho de 1967.

Além de participar no Concílio Vaticano II (1962-65), com uma contribuição importante na elaboração da constituição «Gaudium et spes», o Cardeal Wojtyla tomou parte em todas as assembleias do Sínodo dos Bispos.

Desde o começo de seu pontificado, em 16 de Outubro de 1978, o Papa João Paulo II realizou 104 viagens pastorais fora da Itália, e 146 pelo interior desse país. Também, como Bispo de Roma visitou 317 das 333 paróquias romanas.

Entre seus documentos principais se incluem: 14 Encíclicas, 15 Exortações apostólicas, 11 Constituições apostólicas e 45 Cartas apostólicas. O Papa também publicou cinco livros: «Cruzando o limiar da esperança» (Outubro de 1994); «Dom e mistério: no quinquagésimo aniversário de minha ordenação sacerdotal» (Novembro de 1996); «Tríptico romano – Meditações», livro de poesias (Março de 2003); «Levantai-vos! Vamos!» (Maio de 2004) e «Memória e identidade» (Fevereiro de 2005).

João Paulo II presidiu a 147 cerimónias de beatificação - nas quais proclamou 1338 beatos - e 51 canonizações, com um total de 482 santos. Celebrou 9 consistórios, durante os quais criou 231 (além de 1 «in pectore») Cardeais. Também presidiu a 6 assembleias plenárias do Colégio Cardinalício.

Presidiu a 15 Assembleias do Sínodo dos Bispos: 6 ordinárias (1980, 1983, 1987, 1990, 1994, 2001), 1 geral extraordinária (1985), e 8 especiais (1980, 1991, 1994, 1995, 1997, 1998 [duas] e 1999).

Nenhum outro Papa se encontrou com tantas pessoas como João Paulo II: em números, mais de 17.600.100 peregrinos participaram das mais de 1160 Audiências Gerais que se celebram às quartas-feiras. Esse número não inclui as outras audiências especiais e as cerimónias religiosas [mais de 8 milhões de peregrinos durante o Grande Jubileu do ano 2000] e os milhões de fiéis que o Papa encontrou durante as visitas pastorais efectuadas na Itália e no resto do mundo. Devem-se recordar também as numerosas personalidades de governo com as quais manteve encontros durante as 38 visitas oficiais e as 738 audiências ou encontros com chefes de Estado e as 246 audiências e encontros com primeiros-ministros.

 

Vale a pena notar a importância da família no pontificado de João Paulo II, seguindo a reflexão proposta pelo Cardeal Trujillo por ocasião do 25º aniversário do seu pontificado.

 

 

O Evangelho da família e da vida
no Pontificado de João Paulo II

Cardeal A. LÓPEZ TRUJILLO
Presidente do Pontifício Conselho para a Família

Por ocasião do 25º ano de pontificado de João Paulo II

 

Introdução

A proclamação entusiasta do Evangelho da família e da vida, como “notícia maravilhosa” e o aprofundamento da identidade e da missão da “igreja doméstica”, santuário da vida, como verdade que humaniza plenamente os esposos, os filhos e a humanidade, ocupam sem dúvida um lugar privilegiado no coração do Pastor universal.

Como Mestre da fé, o seu Magistério assegurou e garantiu a identidade e a dinâmica evangelizadora da família, única instituição no desígnio criativo de Deus capaz de formar integralmente o homem. Ele consagrou as suas energias não apenas a anunciar, mas também a libertar a verdade, resgatando-a da tempestade de uma crise numa sociedade doentia, que desumaniza. Como afirma o Apóstolo São Paulo, a verdade é aprisionada e sufocada pela impiedade e pela falsidade (cf. Rm 1, 18.25).

Um avançado processo de secularização, que pretendia expulsar Deus da sociedade, esvazia o homem e precipita-o na sua degradação, privando-o dos valores centrais da família e da vida. É a enfermidade do espírito desprovido da verdade que o priva da sua humanidade, como já podia intuir Romano Guardini. O anúncio da verdade e a sua libertação tornam-se uma vigorosa defesa da família e da vida, hoje também ameaçadas.

O centro unificador do seu ensinamento foi a verdade acerca do homem, o seu mistério, que só se manifesta plenamente à luz do Verbo Encarnado (cf. Gaudium et spes, 22), “Aquele que penetrou, de uma maneira singular e que não se pode repetir, no mistério do homem e entrou no seu “coração”” (Redemptor hominis 8). O Papa clama a fim de que a humanidade se abra a Jesus Cristo, que manifesta plenamente ao homem o seu mistério. “O homem não se pode esquivar aos olhos de Deus. Procurando esconder-se dele, o homem esconde-se a si mesmo” (Martin Buber, Il cammino dell’uomo, Ed. Qiqajon, Bose 1990).

Com a sua experiência de Pastor em Cracóvia, com a sua bagagem académica que permitiu um diálogo com as culturas, fiel à verdade do homem e aberto à esperança, não apenas com a abundância e a profundidade dos seus escritos, mas também com o seu testemunho e a sua solicitude pastoral, ele imprimiu um dinamismo renovado na Igreja, neste campo vital e decisivo para o futuro.

Gostaria de esboçar apenas, em grandes linhas, alguns importantes aspectos daquilo que representou nesta causa, que é a causa do Senhor, o Pontificado fecundo e providencial de João Paulo II, durante os cinco lustros, que celebramos com alegria e com reconhecimento.

Farei uma referência, em primeiro lugar, ao serviço do Santo Padre, ao interior da Igreja, e sucessivamente àquilo que representou o seu trabalho em relação à sociedade inteira, a toda a humanidade.

 

I. O serviço à família e à vida na Igreja

1) A família coração da evangelização

Numa determinada perspectiva evangelizadora, porque o anúncio do Evangelho é a respiração da comunidade cristã, os seus esforços colocaram-se em convergência com a identidade da família de acordo com o desígnio de Deus. A Boa Nova suscita admiração e é acolhida na sua originalidade com entusiasmo. O Santo Padre foi Relator generalis do Sínodo sobre a Evangelização, que se plasmou na Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, do Papa Paulo VI, que teve uma influência de renovação profundamente decidida e singular.

A comunidade dos crentes foi notavelmente enriquecida, sob os pontos de vista doutrinal e pastoral, com o ensinamento de João Paulo II. Sobretudo com o seguinte tríptico, ponto de referência central e indispensável, constituído por:

1) a Exortação Apostólica Familiaris consortio, fruto do Sínodo sobre a Família, realizado em 1980, o primeiro do seu Pontificado;

2) a Carta às Famílias, Gratissimam sane, promulgada por ocasião do Ano Internacional da Família, em que ele retoma aprofundando-os os temas centrais para a identidade da família e a sua missão; e

3) a Carta Encíclica Evangelium vitae, o mais vigoroso anúncio e defesa do evangelho da vida.

Seria necessário dedicar muito tempo para poder referir-me aos numerosos outros escritos, como Mulieris dignitatem em que o Papa sublinha a missão insubstituível da mulher como esposa, mãe e irmã, e o benefício que ela oferece à sociedade na sua progressiva inserção, sem discriminação; a Carta às Crianças em que João Paulo II defende, num diálogo repleto de ternura, a dignidade das crianças, muitas vezes desrespeitada; as “Catequeses do amor humano”, reunidas com o título de “Homem e Mulher os criou”. Além disso, ocupam vários volumes as homilias, pronunciadas particularmente durante as suas viagens pastorais, assim como as mensagens e os discursos, que constituem um rico tesouro de ensinamentos. Tratou-se de um período de contribuições densas e múltiplas, que deram um impulso doutrinal e pastoral dinâmico.

Merecem também uma menção especial as mensagens e as homilias proferidas nos Encontros Mundiais com as Famílias: no Encontro Mundial das Famílias em Roma (1994), no Encontro Mundial das Famílias no Rio de Janeiro (1997) e no Jubileu da Família (2000), e a mensagem televisiva transmitida de Manila (em Janeiro de 2003). Estes Encontros Mundiais, convocados pelo Papa, foram acontecimentos eclesiais em que as famílias puderam experimentar a proximidade amorosa do Sucessor de Pedro e constituem uma oportunidade singular de assumir compromissos com especial ardor e de aprofundar a riqueza doutrinal, para explicar com renovado vigor a “razão da nossa esperança” (cf. 1 Pd 3, 15). O Santo Padre convocou o V Encontro Mundial da Família para o ano de 2006, em Valença, na Espanha.

O magistério do Papa recorda que a “igreja doméstica” é evangelizadora; transformada com o calor do Evangelho, ela oferece ao mundo a realidade recebida. E torna-se, ela mesma, um modelo, um estilo de vida. Os diversos desafios de fidelidade e de defesa da vida são vigorosamente reconfirmados. “Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os nascidos. Têm em comum a mesa, mas não a cama” (Carta a Diogneto, V.7; Funk 1, 318). Assim, serve de maneira especial a comunidade dos crentes na transmissão viva da fé, sobretudo na participação litúrgica e na oração. Na oração familiar são transmitidos os princípios elementares da fé e é nela que se abre o coração para a paternidade de Deus.

Agora, gostaria de salientar apenas alguns aspectos do ensinamento do Papa que podem, entre outras coisas, ser gravados como um ponto de referência constante, que fortaleceu de maneira singular a reflexão teológica e o compromisso pastoral. Perante os graves e crescentes desafios do presente, longe de suscitar desconcerto e uma atitude resignada ou pessimista, com o ardor do seu ensinamento, a Igreja manteve intacto o seu entusiasmo responsável, fundamentado nas energias formidáveis que o Senhor derrama sobre as famílias.

A plena vivência da família, baseada no matrimónio, e a fidelidade da grande maioria dos casais, como um testemunho vivo, são a melhor resposta àqueles que asseguravam a extinção desta instituição natural que, em virtude de novos projectos culturais e políticos, seria substituída por outros modelos e alternativas, que desvirtuam o tecido sadio da comunhão conjugal. Na verdade existem sinais promissores que suscitam uma renovada confiança no futuro.

2) Um ensinamento de iluminadora densidade antropológica

É a verdade sobre o homem que queremos pôr em evidência, o seu “mistério”, a sua vocação. É o “humanum” que se encontra em perigo. Terá o homem que assistir impotente ao drama da sua desumanização, desligado dos valores que o realizam como imagem de Deus? Deve ele render-se perante uma cultura que, enquanto parece exaltá-lo, o despoja da sua dignidade humana e o trata como um instrumento e um objecto? Assistimos à “conspiração” de muitos parlamentares, assim como a pressões e a ambiguidades de todos os tipos, que chegam mesmo a proclamar outros direitos humanos, substitutivos dos direitos que são fundamentais.

A família seria a negação da liberdade, um lugar de escravidão para a mulher, enquanto a sua vocação maternal constituiria um obstáculo, culturalmente imposto à sua realização; os filhos, uma carga pesada; a estabilidade e a fidelidade do amor conjugal, uma quimera, e não um bem fundamental para o homem e para a sociedade em geral. São negados o seu valor social, a sua capacidade de dar a felicidade aos esposos e aos filhos, tornando-os verdadeiramente humanos.

Deturpa-se a sacralidade e a inviolabilidade da vida humana, que corrobora o terceiro artigo da Declaração Universal dos Direitos do Homem, mas que, mediante o recurso a inumeráveis e cruéis excepções, submete à execução capital o ser mais inocente, o “nascituro”. Trata-se de um massacre mundial, que põe em evidência a degradação para a qual a cultura da morte está a conduzir.

O embrião é reduzido a objecto, a uma coisa, a uma matéria manipulável, vítima de todos os tipos de experiência, que atentam contra a sua inviolabilidade, como nas técnicas de fecundação assistida e com o grave perigo para a humanidade, representado pela clonagem reprodutiva e terapêutica. Repete-se o mito da Medusa: tudo o que o seu olhar perscruta se transforma numa coisa.

O ensinamento do Papa João Paulo II desperta os espíritos para buscarem e encontrarem a verdade que redime e liberta. Na Gratissimam sane, o Sumo Pontífice faz ressoar uma voz de alarme, quando realça estas expressões: “Em tal perspectiva antropológica [...] o homem deixa de viver como pessoa e sujeito. Apesar das intenções e declarações contrárias, torna-se exclusivamente um objecto”. Mais adiante, no mesmo número, o Papa admoesta: “O racionalismo moderno não suporta o mistério. Não aceita o mistério do ser humano, homem e mulher, nem quer reconhecer que a plena verdade do homem foi revelada em Jesus Cristo. Não tolera, em particular, o “grande mistério” anunciado pela Carta aos Efésios, e combate-o radicalmente” (Gratissimam sane, 19).

Diante das tentativas de desfragmentar a estrutura familiar, membro por membro, o ensinamento do Santo Padre constitui uma barreira moral de autoridade reconhecida, inclusivamente pelas pessoas que não compartilham a nossa fé.

O Santo Padre recorreu a um texto-chave do Concílio Ecuménico Vaticano II, a que muitas vezes faz referência (cf. Gratissimam sane, 14):

Como afirma o Concílio, o homem é a “única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma” (Ibid., 9; Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 24).

Deus “ama” o homem como um ser que é semelhante a Ele, como pessoa. “Persona significat quod est perfectissimum in tota natura” (S. Tomás de Aquino, Summa Th. I, q. 29, a. 3). A Carta Encíclica Veritatis splendor ensina o seguinte: “É à luz da dignidade da pessoa humana que se afirma por si própria que a razão depreende o valor moral específico de alguns bens, aos quais a pessoa está naturalmente inclinada. E tendo em vista que a pessoa humana não é redutível a uma liberdade que se autoprojecta, mas comporta uma estrutura espiritual e corpórea determinada, a exigência moral originária de amar e respeitar a pessoa como um fim e nunca como um simples meio, implica também, intrinsecamente, o respeito de alguns bens fundamentais...” ( Veritatis splendor, 48). O homem, cada homem, é criado por Deus “por si mesmo” (Gratissimam sane, 9). “Aperta manu clave amoris, creaturae prodierunt” (S. Tomás de Aquino, Liber II Sent. Dist. 2 prol.). “O novo ser está destinado a exprimir em plenitude a sua humanidade a “encontrar-se” como pessoa” (Gratissimam sane, 9). “Efectivamente, esta [a família], mais do que qualquer outra realidade social, é o ambiente onde o homem pode existir “por si mesmo” (Ibid., n. 11). Isto é fundamental para mostrar que o homem “imagem” não pode ser tomado nem usado como um objecto, como um instrumento, como um “produto”, a partir do momento da concepção até à sua morte natural, que é a grave tentação de uma cultura científico-tecnológica que deseja reservar para si mesma o seu domínio como um absoluto: “O utilitarismo é uma civilização da produção e da exploração, uma civilização das “coisas” e não das “pessoas”; uma civilização onde as pessoas se usam como se usam as coisas... a mulher pode tornar-se para o homem um objecto, os filhos um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçante para a liberdade dos membros que a compõem... Em semelhante situação cultural, é claro que a família não pode deixar de se sentir ameaçada, porque é atacada nos seus próprios alicerces” (Ibid., 13).

Sim, “A família foi sempre considerada como a primeira e fundamental expressão da natureza social do homem... a mais pequena e primordial comunidade humana” (Ibid., n. 7), “uma singular comunhão de pessoas” (Ibid., n. 10) no seio da sociedade, de um “nós”. “A família, comunidade de pessoas é, pois, a primeira “sociedade” humana” (Ibid., n. 7). E isto deve traduzir-se à luz do primado da pessoa.

O homem deve ser “o princípio, o sujeito e a finalidade de todas as instituições sociais” (Gaudium et spes, 25) e, por conseguinte, a ordem social e o seu progresso devem fazer com que prevaleça sempre o bem das pessoas, porque a ordem das coisas deve estar subordinada à ordem das pessoas (cf. Gaudium et spes, 26).

Na realidade, isto há-de traduzir-se numa alternativa que contrasta com os programas de engenharia social que manipulam as pessoas como se fossem peças de xadrez, com o utilitarismo que já mencionámos antes, e com uma concepção individualista que nega à família a dignidade que lhe é própria como sujeito social. Ela integra os seus membros, pais e filhos, não considerados separadamente, num individualismo que não corresponde ao conjunto das relações pessoais, que é a família. Nela encontram uma significativa e “justa aplicação dos direitos das pessoas que a compõem” (Gratissimam sane, 17).

O Papa João Paulo II recomendou enfaticamente a Carta dos Direitos da Família, valioso instrumento de diálogo, plenamente vigente que, partindo dos princípios morais já consolidados, revigora a existência da instituição familiar no seio da ordem social e jurídica da “grande” sociedade (cf. ibidem).

Um aspecto digno de ser considerado é a salvaguarda da “soberania” da família, por parte do Papa. “Como comunidade de amor e de vida, a família é uma realidade social firmemente radicada e, de modo muito próprio, uma sociedade soberana, apesar de (viver) condicionada sob vários aspectos” (Ibidem), e “ao participar no património cultural da nação, (a família) contribui para aquela específica soberania, que deriva das próprias cultura e língua” (Ibidem). A intervenção do Estado no que se refere à família deve sobressair naquilo em que ela não é auto-suficiente, no princípio de subsidiariedade, no respeito pelos direitos da família.

No texto-chave que o Santo Padre comenta, segundo o qual o homem é a única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma, dá-se continuidade ao aprofundamento daquilo que o Concílio Ecumênico Vaticano II afirma, ou seja, que o homem “não se pode encontrar plenamente a não ser no sincero dom de si mesmo” (Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 24).

A este ponto o Papa consagra não apenas o n. 11 da Gratissimam sane, mas inclusivamente preciosas considerações feitas em diversos documentos.

Este dom sincero de si mesmo, que leva o homem a realizar-se plenamente a si próprio, faz com que “nesta doação recíproca se manifeste o carácter esponsal do amor” (cf. Gratissimam sane, 11). Este dom sincero obriga muito mais do que tudo quanto possa ser “comprado” e imprime “a lógica do dom sincero” (Ibidem) que entra na vida do homem e da mulher. A conclusão do Sumo Pontífice é lapidar: “Sem ela, o matrimónio seria vazio” (Ibidem).

Na promessa dos esposos “Prometo ser-te fiel... durante todos os dias da minha vida” são realçadas uma fidelidade completa e um dom da pessoa que, por sua própria natureza, é “duradouro e irrevogável” (Ibidem), aberto à vida.

É no dom sincero de si mesmo que se fundamentam, pois, as conhecidas características de fidelidade, de exclusividade e de permanência até à morte e abertura à vida, que a Humanae vitae iluminava com um vigor profético (cf. HV, n. 9) e que o Papa João Paulo II aprofundou de maneira notável, a partir da lógica da entrega pessoal. “A fecundidade é o fruto e o sinal do amor conjugal, o testemunho vivo da entrega plena e recíproca dos esposos” (Familiaris consortio, 28). Um amor condicionado, ad tempus, que se fecha para a vida nova por medo, desconfiança ou hedonismo, é uma traição contra a sinceridade e a totalidade da entrega pessoal. “A anticoncepção impõe uma linguagem objectivamente contraditória, ou seja, a de uma entrega não total ao outro: assim, dá-se lugar não apenas à rejeição positiva da abertura à vida, mas também a uma falsificação da verdade interior do amor conjugal, chamado a entregar-se na plenitude pessoal” (Familiaris consortio, 32).

É a lógica do bem que, por sua própria natureza, é “difusivo” num amor exigente que, no mistério de Jesus Cristo que se entrega até ao fim, encontra a fonte de que promanam energias admiráveis. Através da presença do Ressuscitado na “igreja doméstica”, aquela que se encontra no centro desta grande luta entre o bem e o mal recebe o mandato de “libertar as forças do bem, cuja fonte se encontra em Cristo Redentor do homem” (Gratissimam sane, 23).

 

3) À luz do mistério de Cristo

Tudo se refere a Jesus Cristo, “Àquele que penetrou, de uma maneira singular e que não se pode repetir, no mistério do homem e entrou no seu “coração” (Redemptor hominis, 8). Por este motivo, “os cônjuges encontram em Cristo o ponto de referência para o seu amor esponsal” (Gratissimam sane, 19).

Um dos textos do Concílio Vaticano II que mais foram estudados pelo Papa (cf. Gaudium et spes, 22), constitui inclusivamente o fio condutor da Redemptor hominis: O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente (...) deve, com a sua inquietude, incerteza e também com a sua fraqueza e pecado, com a sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo. Ele deve, por assim dizer, entrar n’Ele com tudo o que é em si mesmo, deve “apropriar-se” e assimilar toda a realidade da Encarnação e da Redenção, para se encontrar a si mesmo” (Redemptor hominis, 10).

Por isso, a família há-de viver a sua vocação num clima de oração, de diálogo com o Senhor, que sempre manifesta o seu amor e leva a uma melhor compreensão da sua natureza e da sua missão.

Em Jesus Cristo, que vai ao encontro dos cônjuges, a verdade acerca da família “pode ser plenamente a grande “revelação”, a primeira descoberta do outro: a mútua descoberta dos esposos e, depois, de cada filho ou filha que deles nascer” (Gratissimam sane, 20). O grande mistério da Carta aos Efésios (cf. 5, 32), torna-se também um valor de grande importância eclesial: “Portanto, não se pode compreender a Igreja como Corpo místico de Cristo, como sinal da Aliança do homem com Deus em Cristo, como sacramento universal de salvação, sem fazer referência ao “grande mistério”, associado à criação do ser humano como homem e mulher e à vocação de ambos ao amor conjugal...” (Gratissimam sane, 19). Esta consideração enriqueceu os Sínodos continentais, de maneira particular o Sínodo dedicado à África.

 

II. Aspectos pastorais

Na Familiaris consortio, o Papa disse aos Bispos: “O primeiro responsável pela pastoral familiar na diocese é o próprio bispo. Como Pai e Pastor, ele deve dedicar-se com uma solicitude particular a este sector, sem dúvida prioritário, da pastoral. Deve-lhe consagrar o seu interesse, atenção, tempo, pessoas e recursos; e sobretudo o seu apoio pessoal às famílias e a todos aqueles que, nas diversas estruturas diocesanas, o ajudam na pastoral da família” (Familiaris consortio, 73).

Daquilo que recomenda como Pastor, ele primeiro fez uma prioridade no seu próprio ministério.

Sem dúvida, trata-se de um sector prioritário da pastoral. A evangelização e o futuro da humanidade passam pela família (cf. ibid., n. 86), da mesma forma que no futuro da Igreja o Senhor a acompanha até ao final dos tempos. Ele não a abandonará, mas derramará sobre ela toda a abundância das suas graças.

O dever principal dos mestres da fé consiste em compartilhar o pão da verdade. Por isso, o Santo Padre recomenda aos sacerdotes que o seu ensinamento e os seus conselhos estejam sempre em sintonia com o Magistério autêntico da Igreja, preocupando-se com todo o empenhamento pela unidade dos pareceres, para que assim os fiéis não sejam expostos a conflitos de consciência (cf. Familiaris consortio, 73).

O Papa reserva uma importância especial à preparação dos agentes de pastoral, que devem enfrentar desafios muito complexos e exigentes, em instituições académica e pastoralmente adequadas para tal empreendimento.

Hoje em dia, as Conferências Episcopais reconhecem e encorajam a dimensão prioritária da Pastoral da Família, do mesmo modo que as suas estruturas dispõem de Comissões Episcopais para a família e a vida.

João Paulo II recomenda que, no âmbito das Dioceses e das Conferências Episcopais, se constituam organismos que se ocupem da pastoral familiar, para coordenar e vitalizar este trabalho a partir das próprias famílias, das paróquias e dos movimentos, o que redundará no revigoramento da pastoral orgânica nas suas diversas manifestações (cf. Alocução do Santo Padre por ocasião da X Assembléia Plenária do Pontifício Conselho para a Família, 30 de Janeiro de 1993).

Seguindo as orientações renovadoras do Sínodo para a Família, o Papa erigiu com profunda intuição o Pontifício Conselho para a Família, o Pontifício Instituto sobre o Matrimónio e a Família, na Pontifícia Universidade Lateranense e, posteriormente, a Pontifícia Academia para a Vida.

 

III. Empreendimentos sociais e políticos

O Santo Padre dedicou uma atenção singular à família, a fim de que ela não se feche em si mesma mas que, pelo contrário, se abra plenamente à sociedade, com a qual “possui vínculos vitais e orgânicos”, porque constitui o seu princípio e fundamento e, como no-lo recorda a Familiaris consortio, citando o Concílio Vaticano II, a sua “célula primeira e vital” (cf. Familiaris consortio, 42; Apostolicam actuositatem, 11).

O Sínodo para a Família lembrou que “a família constitui o lugar natural e o instrumento mais eficaz de humanização e de personalização da sociedade: ela colabora de maneira original e profunda na construção do mundo, tornando possível uma vida propriamente humana...” (Familiaris consortio, 43).

Em seguida, João Paulo II alerta contra uma sociedade cada vez mais massificada e despersonalizada, que se torna desumana e desumanizadora (cf. ibidem).

A família é uma forma insubstituível de expressão social e oferece uma contribuição original. Por isso, o bem da família constitui um bem indispensável e irrenunciável. As famílias devem esforçar-se para que “as leis e as instituições do Estado não apenas não ofendam, mas também protejam e defendam positivamente os direitos e os deveres da família” (Ibid., n. 44). Numerosas famílias sofrem em virtude do menosprezo destes direitos por parte de instituições e de leis (cf. ibid., n. 46).

O Santo Padre tem sido o advogado universal dos direitos fundamentais da família, nos grandes foros mundiais, perante os Chefes de Estado, nos vários Parlamentos e no diálogo com os políticos em geral. Ele é um defensor decidido dos direitos, sobretudo das famílias mais pobres, dos povos depauperados, submetidos às políticas arbitrárias dos poderosos que, sem respeitar a soberania dos mesmos, os agridem com pressões e exigências indevidas, contrárias à sua cultura e dignidade.

É desta forma que tem ressoado a sua palavra repleta de autoridade, perante o mito da superpopulação, que serve de recurso para um controle demográfico desrespeitador e desumano, com políticas que constituem um instrumento de novas ideologias contra os indivíduos mais frágeis.

Além disso, João Paulo II chama a atenção para a concepção “neomalthusiana”, que exclui do banquete da vida os menos favorecidos e privilegia o domínio e a opulência dos prepotentes.

Assim, o Papa assume plenamente o desafio apresentado no discurso de Paulo VI à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (4 de Outubro de 1965): “A vossa tarefa consiste em fazer com que abunde o pão na mesa da humanidade e não em promover um controle demográfico artificial, que seria irracional, em vista de diminuir o número de convidados para o banquete da vida”.

O Santo Padre João Paulo II interpelou os Chefes de Estado, rejeitando os estilos de vida falsos que se queriam impor na Conferência do Cairo, e convidou os legisladores para que não elaborem leis iníquas, mas dêem forma a um “corpus” de leis que defendam e permitam o cumprimento da missão da família.

De resto, o Papa denuncia os desafios de uma cultura da morte, que chegou ao seu ápice, numa alargada confusão de conceitos, própria de uma sociedade enferma, que procura transformar o “crime” em “direito” (cf. Evangelium vitae, 11).

Diante dos problemas enormes e dramáticos da justiça no mundo, da liberdade e da paz, a família cristã “constitui uma energia interior que dá origem, difunde e desenvolve a justiça, a reconciliação, a fraternidade e a paz entre os homens” (Familiaris consortio, 48). Depois, apelou para uma nova ordem internacional, face às dimensões mundiais que caracterizam estes problemas sociais.

Consciente do seu papel social e político, que constitui um bem para a humanidade, a família é chamada a ser coração da civilização do amor. Foi este o tema a que se quis subordinar o primeiro Encontro Mundial das Famílias, realizado em Roma em 1994.

É impressionante a insistência com que o Sumo Pontífice pede para que se compreenda como a hostilidade sistemática e programada contra a família e a vida corrompe o tecido social e suprime as esperanças dos povos que, desta maneira, não podem garantir um futuro digno do homem. Diante dos fenómenos de progressiva deterioração da família, por parte de legislações iníquas, o ensinamento do Papa João Paulo II apresenta-se como uma consciência crítica forjada no Evangelho que, ao mesmo tempo, convida a lutar a favor de tudo o que realmente humaniza o homem. Trata-se de uma grave responsabilidade que cabe aos políticos.

A democracia não se deve transformar numa ditadura das maiorias nos Parlamentos, voltada contra o verdadeiro bem da sociedade. É uma forma de “verdade política”, que se impõe arbitrariamente. Assim, o Papa recomenda o respeito pelo espírito do direito. “Isto significa que as leis, independentemente dos campos em que o legislador intervém ou que se vê obrigado a intervir, devem respeitar e promover sempre as pessoas humanas nas suas diversificadas exigências espirituais e materiais, individuais, familiares e sociais. Por conseguinte, uma lei que não respeita o direito pela vida do ser humano desde a concepção até à sua morte natural, independentemente da condição em que se encontra, sadio ou enfermo, mesmo em estado embrionário, idoso ou em estado terminal não é uma lei conforme com o desígnio divino” (João Paulo II, Discurso durante o Jubileu dos Governantes, Parlamentares e Políticos, 4 de Novembro de 2000).

E na Carta a Diogneto, podemos ler: “Aquilo que é a alma no corpo, são os cristãos no mundo” (VI.1, Funk 322). O Evangelho da família há-de ressoar no mundo, devendo suscitar aquele “assombro primordial que, na manhã da criação, impele Adão a exclamar à vista de Eva: “É carne da minha carne e osso dos meus ossos” (cf. Gn 2, 23)” (Gratissimam sane, 19). É a realidade do matrimónio, património da humanidade, que o Senhor elevou à altíssima dignidade de sacramento, na abundância do seu amor. Ao Evangelho, que reanima e humaniza o mundo inteiro, João Paulo II consagrou a melhor parte das suas preciosas energias.

Santo Padre, por toda a sua solicitude ministerial e magisterial, e de maneira particular por tudo aquilo que Vossa Santidade já fez e continua a realizar incansavelmente durante estes vinte e cinco anos, em benefício da promoção da família e da vida, desejo renovar, Santidade, inclusive em nome de todos nós que, em diversos campos, fomos generosamente associados à sua histórica batalha pela verdade, a expressão do meu reconhecimento e da minha gratidão.

O Senhor Jesus Cristo, Senhor da família e da vida, proteja sempre Vossa Santidade e o assista no seu generoso dom como seu Vigário na terra.

 

O Papa das Famílias
Lisboa, 6 de Abril de 2005
Dulce Teixeira de Sousa

 

Entre a gama imensa de títulos, João Paulo II, permanecerá na história como o Papa da Família, tantos foram os cuidados, as atenções, o carinho que esta lhe mereceu.

Lembramos nomeadamente:

- a realização do Sínodo sobre a Família;

- a publicação da Exortação Apostólica;

- a publicação da Carta dos direitos da Família;

- o seu discurso às famílias Portuguesas

- a sua participação no congresso mundial das famílias

- o Jubileu das Famílias

O Instituto Secular das Cooperadoras da Família, que tem com carisma e missão, o cuidado da evangelização das famílias, e que por decreto de 28 de Dezembro de 1999, foi elevado por Sua Santidade ao grau de direito Pontifício, recordam, com particular gratidão, este aspecto particular do Pontificado de João Paulo II.

A nossa gratidão, Santo Padre, por nos ter confirmado no nosso carisma e na nossa missão de Cooperadoras da Família, desafiando-nos à ousadia do nosso Fundador - Salvemos a Família e salvaremos o mundo.

O nosso reconhecimento também, pelo desafio à radicalidade da nossa consagração secular, à totalidade da nossa entrega a Deus e aos irmãos, à santidade vida, o convite a tecermos em nossa vidas, a síntese do valor da consagração e da secularidade, e a esforçar-nos «à maneira de fermento por impregnar todas as coisas do espírito do Evangelho para robustecimento do Corpo de Cristo.

Obrigada por nos ter incentivado e reforçado, com a Carta “A igreja vive da Eucaristia”, a penetrar mais profundamente na espiritualidade do nosso Instituto - uma espiritualidade eminentemente eucarística.

Obrigada por nos ter lembrado que é junto ao sacrário que se aprende a amar, a calar, a sofrer, a perdoar, a agradecer.

Obrigada Papa Woitila por ter sido para a humanidade o grande Profeta do último quartel do século XX e dos primeiros anos do século XXI.

Não houve pecado, erro, injustiça, perigos, riscos, caminhos tortuosos ou sem retorno, que não tivesse corajosamente denunciado, ao mesmo tempo que rasgou caminhos novos, caminhos de luz, de paz e de amor, caminhos do Homem, porque caminhos de Deus.

E, nesses caminhos, o homem vestido de branco tornou-se, no espaço, silhueta de Cristo morto e ressuscitado…

Obrigada Papa Woitila… Que os nossos olhos possam contemplar, lá no Céu, a sua mão erguida em bênção divina sobre nós mortais, AMEN.

 

 

©Copyright - Secretariado Diocesano da Pastoral da Família, 2004