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QUESTÕES DE VIDA OU DE MORTE

Eng. Jorge Cotovio
in Ecclesia, 17/3/2004


Assisti, há pouco tempo, a uma das muitas sessões sobre a “despenalização da interrupção voluntária da gravidez”, promovida por um partido político, mas contando com a participação de (quase) todos os partidos com assento parlamentar.

O que ouvi de alguns quadrantes deixou-me triste, quiçá, envergonhado.

Apesar deste estado de espírito, valeu a pena assistir a esta sessão (iniciada quase uma hora depois do previsto) para me aperceber de alguns argumentos e de muitas contradições.

Se não vejamos:

Apercebi-me de que toda a gente é contra o aborto, mesmo aqueles que, para defender um "direito" da mulher que engravidou e não quer ser mãe, defendem o aborto.

Apercebi-me de que há mais católicos do que eu pensava que se gabam de ser católicos e, simultaneamente, consideram que é menos mau pôr termo à vida de um ser (que não pediu para nascer) do que traumatizar psicologicamente uma mulher que, inadvertidamente, engravidou ou que engravidou deliberadamente mas, entretanto, se arrependeu.

Apercebi-me de que se tenta projectar esta questão para os níveis político e religioso, quando, afinal de contas, ela reside no campo dos princípios básicos do humanismo e da moral: o direito à vida.

Apercebi-me de que, para alguns, aquilo que está dentro do seio materno não passa de um “amontoado de células”, sem direito ao Direito, nem sequer o Constitucional! Mas, se porventura, "essa coisa" nascer com seis ou sete meses, então já passará a estar sob a alçada da lei…

Apercebi-me de que a actual lei – portadora de imensas “liberdades” – já não serve (e, por isso, toda esta agitação); porém, a proposta de despenalização até às doze semanas não passa da uma etapa intermédia para se atingir a despenalização sem qualquer limite temporal.

Por último, apercebi-me de que nesta matéria não estamos a acompanhar os países “desenvolvidos”: para sermos mais “civilizados”, precisaremos de descriminar o aborto e despenalizar, pura e simplesmente, quem o pratica, directa ou indirectamente.

Fiquei triste e revoltado.

Não, meus senhores, eu fui muito mais do que um somatório de células; eu sou muito mais do que um ser biológico.

Também valho muito mais do que a Constituição da República Portuguesa e estou para além das leis.

Custe o que custar, nós – homens e mulheres civilizados – temos a gravíssima obrigação de defender a vida, mormente daqueles que não têm possibilidade de defesa.

Mas, por favor, não fiquemos por aqui, pela tristeza e revolta e pelas (boas) intenções.

Façamos tudo – e os cristãos têm uma responsabilidade acrescida – para evitar estas (dramáticas) situações.

E o início de tudo reside, quanto a mim (e a muita gente), na família, na educação dos filhos para o amor responsável, no acompanhamento discreto que lhes fazemos ao longo da sua adolescência e juventude, no tempo útil que lhes damos, no exemplo de amor e fidelidade que lhes transmitimos.

Mas se pudermos fazer mais qualquer coisa, façamos. Aquelas mulheres que caiem nesta situação e, sobretudo, aqueles pequenos seres inocentes e indefesos, agradecem. Se não, quando uma destas mulheres for condenada, também eu estou a ser condenado. E quando um destes seres (ainda “inconstitucionais”) morrer, também, em parte, fui eu que o matei.


Jorge Cotovio
Responsável do Secretariado da Pastoral da Família
da Diocese de Coimbra

_____________

N.B.
Para fundamentarmos as nossas opiniões sobre o valor da vida humana, recomendo a leitura da Carta Encíclica “O Evangelho da Vida”,
de João Paulo II e a recentíssima Nota Pastoral dos nossos Bispos

“Meditação sobre a Vida”.

 
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