Peregrinação Diocesana a Fátima - Homilia de Dom Virgílio

PEREGRINAÇÃO DIOCESANA A FÁTIMA – 2025
“MARIA, MÃE DA ESPERANÇA
(Missa do Coração Imaculado de Maria - Ap 21, 1-5a |1 Sam 2, 1.4-5.6-7.8abcd |Lc 2, 41-51)

 

Caríssimos irmãos e irmãs!

A peregrinação ao Santuário de Fátima enche-nos sempre de alegria e ajuda-nos a dar passos na peregrinação interior que nunca desistimos de fazer. Vimos confiados nas palavras dirigidas pela Virgem Maria à pastorinha Lúcia na aparição de junho de 1917: ““E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.

Na nossa peregrinação veem-nos ao pensamento todos os momentos em que clamámos por refúgio no Coração Imaculado de Maria e todos os momentos em que fomos acolhidos no coração da Mãe de Jesus e nossa Mãe. Hoje, trazemos a alegria da nossa gratidão, reafirmamos a confiança nas suas palavras e nos seus gestos de acolhimento, pois no meio das perturbações da nossa vida, nunca nos deixou sós.

Nesta peregrinação, e enquanto repassamos a história da nossa vida com Maria, reconhecemo-la como a “Mãe da Esperança”. De facto, ela nunca nos deixou caídos no desânimo, nunca permitiu que fraquejássemos na fé, nunca nos faltou no meio das aflições, nunca nos deixou morrer escravos do pecado e nunca nos esqueceu quando recorremos à sua proteção. Nela temos uma Mãe e com ela permanecemos firmes na esperança.

No meio do sofrimento que vivia a pastorinha Lúcia, a Virgem Maria pronuncia aquelas palavras que lhe incutem uma esperança que nunca mais a deixará e que lhe permitiu viver os seus longos anos confiada na Mãe de Deus e Mãe da Esperança. É por isso que continuamos a vir a este lugar sagrado, é por isso que mantemos viva a nossa devoção a Nossa Senhora, é por isso que recorremos à sua companhia e às suas palavras nas horas boas e nas horas más.

Faz-nos muito bem ouvirmos a sua voz doce a sussurrar aos ouvidos do nosso coração: “tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei”. Essas são as palavras que brotam do coração da Mãe de Jesus, daquela que O acompanhou no caminho do calvário e o contemplou suspenso na cruz, na maior dor.

Assim como Maria nunca deixou Jesus em nenhum momento do seu percurso sobre a terra, porque era o filho das suas entranhas, ela nunca nos deixará a nós porque somos os filhos que Ele lhe entregou no alto do calvário, quando disse a João: “eis a tua Mãe”, e a Maria disse: “Eis o teu filho”.

Neste ano jubilar vivido sob a marca da esperança, centramo-nos na Pessoa de Jesus, Aquele que é a nossa esperança, e a esperança que não engana. De acordo com o livro do Apocalipse que escutámos, a história humana marcada pela debilidade, pelo sofrimento e pela morte, que parecem trazer a destruição e matar a própria esperança, não tem a última palavra. Pelo poder de Deus e pelo amor de Jesus, o Filho, o Cordeiro imolado, novos céus e nova terra se levantam. O que está sentado no trono, diz: “vou renovar todas as coisas”, o mesmo é dizer, vou fazer nascer a esperança que mais ninguém pode dar, porque é dom de Deus e é salvação que nenhum de nós pode construir.

Esta esperança que não morre nem engana tem um nome: chama-se Jesus. Esta esperança realiza-se na história da humanidade quando Jesus se faz Homem e vem habitar no meio de nós para nunca mais nos deixar sós ou abandonados no meio de tantos sinais de desespero que povoam a nossa vida e a vida da humanidade. A sua Páscoa de morte e ressurreição abre-nos as portas da vida eterna, já iniciada na peregrinação que fazemos sobre esta terra, mas cuja consumação ainda aguardamos na esperança.

“Eis a morada de Deus com os homens”, dizia a voz que do trono celeste se faz ouvir. A presença de Deus no nosso coração e no meio do povo a que chama seu é portadora da esperança. Ele veio para enxugar todas as lágrimas, para acabar com a morte, o luto os gemidos e a dor, como continuava o texto do Apocalipse.

Mesmo quando humanamente se esgotam todas as possibilidades e reina o silêncio da impotência diante dos acontecimentos mais trágicos, a presença de Deus no meio do seu povo continua a ser porta de esperança que ninguém nos pode arrebatar. A fé nesta presença amorosa de Deus, provada na morte de Seu Filho, nunca permite que desistamos e leva-nos a tudo fazer para que ninguém desista por falta de amparo ou de amor partilhado.

Celebramos, hoje, a missa votiva do Imaculado Coração de Maria, o coração em que ela guardava todas as coisas, todas as palavras, todos os acontecimentos, como referia o texto do Evangelho depois de narrar a perda e encontro de Jesus no Templo. No fundo, mais do que tudo isso, Maria guardava no seu coração a pessoa de Jesus que se tornou a sua esperança, guardava as suas palavras, o seu mistério e o seu amor.

Quando dizemos que Maria é a Mãe da Esperança, estamos a dizer que Maria é a Mãe de Jesus. Ela não só O guarda no seu Coração Imaculado como nos ajuda a acolhê-l’O e a guardá-l’O no nosso próprio coração, a fim de que tenha em nós a sua morada como teve nela.

Como Mulher e Mãe, Maria pede continuamente a conversão a todos os seus filhos, e conduz-nos a prepararmos em nós uma digna morada para o Senhor Jesus.

Como Imagem da Igreja, a Nova Jerusalém que desce do Céu, segundo a linguagem do Apocalipse, Maria continua a tornar Jesus presente na vida dos homens e a provocar no seu coração o encontro gerador de esperança, o encontro amoroso que renova todas as coisas.

Que a nossa peregrinação nos leve a crescer no amor ao Imaculado Coração de Maria, na certeza de que nele se dá o encontro com Jesus, a esperança que não engana, que não morre e que nos salva.

Que, como Maria, estejamos cada vez mais disponíveis para edificar em nós um coração santo, que, pela presença de Jesus faça de nós sinal vivo de esperança para o mundo.

Fátima, 5 de julho de 2025
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

 

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