Leão XIV - o amor para com os pobres

Leão XIV – o amor para com os pobres

Jorge Bernardino
Comissão Diocesana Justiça e Paz 

A Exortação Apostólica Dilexi Te, publicada pelo Papa Leão XIV a 4 de outubro de 2025, representa um marco contemporâneo no Magistério da Igreja sobre o amor cristão aos pobres. Inspirada na passagem bíblica “Eu te amei” (Ap 3,9), a exortação propõe também uma releitura atualizada dos princípios da Doutrina Social da Igreja (DSI), articulando temas como a dignidade humana, a justiça social, a opção preferencial pelos pobres, a economia solidária, a inclusão e a equidade.

Um dos pilares da exortação é a reafirmação da opção preferencial pelos pobres, um conceito consolidado na DSI desde a Populorum Progressio (1967) e aprofundado na Evangelii Gaudium (2013). Leão XIV afirma que a Igreja não pode permanecer neutra diante da dor dos excluídos e que o amor cristão exige que se tome partido em favor dos mais desfavorecidos.

O Papa critica o modelo económico que transforma as pessoas em objetos “descartáveis” e afirma que uma economia que mata é incompatível com o Evangelho. A Dilexi Te dedica vários pontos à análise das estruturas de injustiça que perpetuam a pobreza e apela a uma verdadeira mudança de mentalidade:

“9. A condição dos pobres representa um grito que, na história da humanidade, interpela constantemente a nossa vida, as nossas sociedades, os sistemas políticos e económicos e, sobretudo, a Igreja. (...) na verdade, existem muitas formas de pobreza: a daqueles que não têm meios de subsistência material, a pobreza de quem é marginalizado socialmente e não possui instrumentos para dar voz à sua dignidade e capacidades, a pobreza moral e espiritual, a pobreza cultural, aquela de quem se encontra em condições de fraqueza ou fragilidade seja pessoal seja social, a pobreza de quem não tem direitos, nem lugar, nem liberdade.”

“11. Ao compromisso concreto com os pobres ocorre associar também uma mudança de mentalidades que tenha incidências culturais. Efetivamente, a ilusão de uma felicidade que deriva de uma vida confortável leva muitas pessoas a ter uma visão da existência centrada na acumulação de riquezas e no sucesso social a todo o custo, a ser alcançado mesmo explorando os outros e aproveitando ideais sociais e sistemas político-económicos injustos, favoráveis aos mais fortes. Assim, num mundo onde os pobres são cada vez mais numerosos, vemos paradoxalmente crescer algumas elites ricas, que vivem numa bolha de condições demasiado confortáveis e luxuosas, quase num mundo à parte em relação às pessoas comuns. Isto significa que persiste – por vezes bem disfarçada – uma cultura que descarta os outros sem sequer se aperceber, tolerando com indiferença que milhões de pessoas morram à fome ou sobrevivam em condições indignas do ser humano.”

“12. Não devemos baixar a guarda diante da pobreza. Preocupam-nos, de modo particular, as graves condições em que vivem muitíssimas pessoas, devido à escassez de alimentos e água potável. Todos os dias morrem milhares de pessoas por causas relacionadas com a desnutrição. Mesmo nos países ricos, as estimativas relativas ao número de pobres não são menos preocupantes. Na Europa, há cada vez mais famílias que não conseguem chegar ao fim do mês.”

O texto integral da Exortação Dilexi Te pode ser consultado no site do Vaticano.

Para os cristãos, a Dilexi Te é um convite à coerência entre fé e vida. Para os estudiosos da DSI, é uma fonte rica de reflexão teológica e pastoral. Para os pobres, é uma promessa de que a Igreja não os esquecerá — porque, como afirma o Papa, “os mais pobres entre os pobres – que não apenas carecem de bens, mas também de voz e do reconhecimento da sua dignidade – ocupam um lugar especial no coração de Deus”.

Esta primeira exortação apostólica de Robert Prevost constitui um grande desafio para todos os homens e mulheres de boa vontade, sendo um forte apelo à conversão pessoal e comunitária perante as desigualdades e a indiferença social do nosso tempo.

 

 

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