Sob o tema “Liturgia e Catequese” estiveram reunidos no passado dia 22 de Abril, no Centro Pastoral Diocesano, em Coimbra, párocos de diversas paróquias da Diocese e alguns elementos do SDEC.
O encontro iniciou-se com a intervenção do Reverendo Padre Joaquim Ganhão, da Diocese de Santarém, sobre “A linguagem litúrgica e a educação simbólica”. O Pe Joaquim Ganhão, Pároco da Sé de Santarém, Director do Centro Pastoral Diocesano e do Secretariado Diocesano de Liturgia, bem como da Comissão Diocesana dos Bens Culturais e do Museu de Santarém, estudou na Universidade Católica e especializou-se em Liturgia, em Roma.
Após a oração inicial, o Pe Joaquim Ganhão falou da sua experiência como pároco, primeiro numa paróquia rural e hoje, em plena cidade, o que o levou a ter uma percepção das diferenças ainda hoje existentes nesses meios quer na participação nas liturgias, quer na Catequese. De seguida falou como no Concílio Vaticano II “se repropõe a liturgia cristã como um complexo de sinais sensíveis, significativos e a seu modo eficazes, de modo a que os sinais litúrgicos exprimam mais claramente as coisas santas por eles significadas e que o povo cristão possa mais facilmente compreende-las e nelas participar por meio de uma celebração plena, animada e comunitária”. (SC 21). O Pe Ganhão referiu como a liturgia cristã é um universo de sinais em q cada um deles com a sua especificidade introduz no mistério de Cristo. Na liturgia a comunicação do mistério e com o mistério realiza-se através da mediação dos sinais, que intervêm como mediadores da comunicação, introduzindo no mistério de Cristo, no mistério de Deus, e no mistério dos irmãos. Verifica-se assim uma mediação descendente do mistério litúrgico, mas também a ascendente da resposta do homem à oferta de Deus. Neste âmbito, é de fulcral importância a tomada de consciência da necessidade urgente da educação para linguagem simbólica, como momento essencial da formação litúrgica e da própria iniciação cristã. A própria celebração da liturgia é o momento e o meio da própria formação mistagógica mais eficaz. A liturgia é a comunicação com o mistério e introduz no mistério, e nenhuma pedagogia é mais eficaz que esta experiência sacramental do mistério. Depois de verificar que as novas gerações têm grandes dificuldades no entendimento e interpretação destes sinais, o Pe Ganhão sintetizou a sua intervenção em 4 pontos essenciais: 1. Sinais da presença de Cristo; 2. actualidade da mistagogia como redescoberta fundamental na catequese e na formação cristã em geral; 3. Modo como a liturgia pode transmitir a fé; 4. Contributo da religiosidade popular para a Catequese. Falou ainda da necessidade e das oportunidades da Catequese tal como está estruturada, de ir iniciando as crianças e os jovens no significado destes sinais, e apresentou algumas das Festas da Catequese, como a Festa da Vida, o Crisma, a Festa do Envio e outras, como oportunidades para essa iniciação. Falou ainda do papel das artes, como a escultura, a pintura e a música, como contributos extremamente enriquecedores e facilitadores da descoberta e do encontro de cada pessoa com Cristo.
Da parte da tarde, falou a Drª Cristina Sá Carvalho, com o tema “Comunhão eclesial, serviço do Povo de Deus”, tendo feito a apresentação dos novos materiais pedagógicos que estão a ser preparados, quer no que diz respeito a cadernos de apoio aos Catecismos da Infância, quer a outros materiais para os catecismos dos últimos anos. Falou ainda na necessidade da aproximação às famílias, fundamentais na transmissão da Fé, e dos materiais que estão a ser feitos nesse sentido, que prolongam as propostas já feitas para os primeiros catecismos, e dos “cadernos” que as crianças poderão trabalhar durante as “férias” da Catequese, e que ajudarão não só os filhos a não se desligarem totalmente da Catequese, como também à responsabilização dos pais. Os párocos questionaram a “escolarização da Catequese” e sobretudo as interrupções em momentos fortes da liturgia como o Natal e a Páscoa.
Ana Faria
