P. Fernando Pascoal
Encontramo-nos na quarta semana da Páscoa, iniciámos esta semana celebrando o Domingo do Bom Pastor e o 52º dia de oração pelas vocações, na mensagem que o Papa Francisco dirigiu à Igreja, para este dia, encontramos a seguinte passagem: “Na verdade, passar da escravidão do homem velho à vida nova em Cristo é a obra redentora que se realiza em nós por meio da fé (Ef 4, 22-24). Esta passagem é um real e verdadeiro «êxodo», é o caminho da alma cristã e da Igreja inteira, a orientação decisiva da existência para o Pai.”
Conjugando este texto com o da DV 2, citado no dia 12 de março passado, ao qual prometi voltar, é importante consciencializar que na nossa relação com o Pai-Deus, origem e fim da nossa existência intervêm sempre o Filho, pois só n’Ele temos acesso ao Pai, porque Ele se fez, para nós, Caminho que nos conduz ao Pai.
É muito necessário que nos perguntemos com alguma frequência como é a minha relação com Deus?... Com qual das três pessoas divinas mais me relaciono?... Como estabeleço a minha relação com a Trindade?... Será que vivo consciente em cada momento do meu viver que sou devedor a Deus Uno e Trino da minha existência?...
Estas e tantas outras perguntas podemos e devemos amiúde fazer para vivermos em profundidade ou então corremos o risco perder a nossa vida e, mesmo existindo muitos anos poderemos ‘vegetar’ em vez de viver!...
Precisamos de dar um sentido à nossa existência à face da terra e, só encontraremos esse
verdadeiro sentido se estabelecermos uma autêntica relação com Aquele que nos criou, nos anima, nos sustenta e sempre nos acolhe.
Assim desejo partilhar convosco ao longo de alguns dias um possível itinerário que me parece necessário efectuar, sabendo que cada um, porque é único, o fará à sua maneira mas, há elementos comuns, são como que um mesmo denominador que cada um necessita ter presente para que a sua vida tenha a dimensão que Deus lhe quer dar.
Peço que cada um depois de ler este texto responda às perguntas que aqui vão explicitadas e a todas aquelas que queira fazer, para o(a) ajudar a tornar mais consciente do modo como vive a sua relação com Deus Uno e Trino, no seu dia a dia, e de um modo muito concreto nos espaços de oração, se é que os tem?!
Termino deixando-vos mais umas palavras do Papa Francisco da mensagem atrás referida: “Ouvir e receber a chamada do Senhor não é uma questão privada e intimista que se possa confundir com a emoção do momento; é um compromisso concreto, real e total que abraça a nossa existência e a põe ao serviço da construção do Reino de Deus na terra. Por isso, a vocação cristã, radicada na contemplação do coração do Pai, impele simultaneamente para o compromisso solidário a favor da libertação dos irmãos, sobretudo dos mais pobres. O discípulo de Jesus tem o coração aberto ao seu horizonte sem fim, e a sua intimidade com o Senhor nunca é uma fuga da vida e do mundo, mas, pelo contrário, «reveste essencialmente a forma de comunhão missionária»”.