1- Perante as teimosas solicitações de toda a oposição, o Presidente da República, do alto das suas elevadas funções – ele que também declararia, não se sabe bem como, só empossar governos com base parlamentar maioritária –, anunciou, em tempo, sem tergiversar, que, segundo a lei (e ainda por cima aprovada por um governo socialista), as próximas eleições legislativas serão, de acordo com o calendário, e se o universo político não desabar entretanto, em outubro.
Percebo – embora da breve antecipação de um ato eleitoral, ele sim verdadeiramente relevante, não viesse mal ao mundo – o princípio do normal e rigoroso cumprimento, sempre, da legislação em vigor. Mas fará algum sentido, pergunto, que todos os quatro anos, um qualquer executivo, seja ele qual for, se veja obrigado a iniciar a governação com Orçamento de Estado que não o seu?
Se se recusou, agora, com certeza de forma juridicamente fundamentada, o pequeno passo, saibamos, ao menos, aproveitar a circunstância para, em tempo, se promover, como aconteceu com os municípios, a alteração legislativa do que, manifestamente, está mal.
2- Depois do vergonhoso roubo, em 2002, das 15 joias da Coroa Portuguesa emprestadas para uma exposição na Holanda, sabe-se que a indemnização de 6,1 milhões de euros (há quem defenda que só um dos muitos diamantes perdidos valeria esse montante) foi parcialmente usada na compra de um quadro para o Museu de Arte Antiga e no reforço da segurança daquele património nacional, devendo os restantes 4,4 milhões ser aplicados no acabamento do Palácio Nacional da Ajuda e na construção, ali, de um espaço museológico para os reais bens.
Não discordando das opções assumidas, desde logo porque, pelo menos, o dinheiro foi alocado à cultura – e não, seja lá isso o que for, posto ao serviço da dívida –, gostaria de fazer notar, contudo, que, afinal já sem surpresa, tudo, mas tudo, fica sempre na capital. E os Reis, depositários de tal tesouro, eram de Portugal, dos portugueses. Também, naturalmente, de Lisboa. Mas não só...
3- Compreendo bem os propósitos da instituição. Mas custou-me ler que a Universidade de Lisboa adquiriu um programa que permite detetar e combater o plágio...nos trabalhos de mestrado e doutoramento.
Se assim é com aqueles graus académicos – e parece ser relevante o número de casos entretanto identificados, fora aqueles de que ninguém deu conta – o que não irá por aí (que o diga também Coimbra), em relação às licenciaturas!
E depois queixam-se quando o ministério da Educação e as ordens profissionais duvidam da formação ministrada...
4- A Dinamarca, imitando a Suécia e a Finlândia, quer realizar ainda menos transações em dinheiro no dia a dia. E alega, para tanto, razões de segurança, rapidez e higiene.
Ao defender o reforço dos pagamentos por cartão e do uso de aplicações para smartphones que permitem transferências diretas, os dinamarqueses querem, mesmo, acabar de vez com o papel-moeda e tornar-se, a longo prazo, numa sociedade cash-free.
Queira Deus que, nesta tão decadente Europa, se trate, apenas, do fim do perigoso e sujo dinheiro, e não, como acontece com os portugueses, limpinho, limpinho, da falta do dito...
5- Primeiro foi o choque, não a surpresa, de resultados das eleições autárquicas e regionais que faziam, na vizinha Espanha, o PP e o PSOE ainda os partidos maiores, mas com quebras muito significativas (2,4 milhões e 700 mil votos, respetivamente) no número de eleitores fiéis.
Depois, a par de um mitigar da derrota socialista, um resquício de canto de vitória de Rajoy, logo substituído pela admissão de indispensáveis reformas no campo dos conservadores.
De seguida, a realidade dura da perda, por parte dos Populares, de mais de 500 maiorias absolutas entre municípios e comunidades, em cidades tão importantes, apenas dois exemplos, como Madrid e Valência.
Por fim, com o desmantelar do bipartidarismo tradicional, e a chegada ao poder dos emergentes Podemos e Ciudadanos, a indispensável procura das mais improváveis coligações.
Entretanto, e por cá, mais dificilmente deixaremos de ser Sporting ou Benfica. Talvez, quando muito... Porto!
