Noite de Natal 2023 :: Homilia de Dom Virgílio

NATAL DO SENHOR 2023
MISSA DA NOITE

Caríssimos irmãos e irmãs!

A noite de Natal reveste-se da beleza que sempre vem da novidade do nascimento de uma criança numa família. Neste caso, a notícia da beleza da novidade do nascimento de Jesus, o Filho de Deus, gerado no seio da Virgem Maria e nascido para nós.

Celebramos esta noite do mistério da Encarnação em que o Deus Menino passa a estar entre nós e a partilhar a nossa história humana. Celebramos esta noite porque vislumbramos já o mistério da Redenção, em que o mesmo Filho de Deus se oferece por nós ao Pai, na cruz, e abre as portas à aurora da ressurreição, que nos salva. Do Natal até à Páscoa, é sempre o mistério do amor de Deus, que gera e faz nascer o Seu amor por todos nós em gestos de salvação por meio de Jesus, o Filho.

A liturgia desta noite santa procura centrar-nos no nascimento como o princípio da novidade que a terra, os povos e cada pessoa desejam para todos.

O Natal é a celebração festiva da vida nova que vem do nascimento do Messias já cantado pelo profeta Isaías, quando anuncia “um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado”. Ele chegou com o poder de iluminar todos os que andavam nas trevas, de alegrar os abatidos pela falta de esperança e de edificar a paz e ajustiça que andavam tão distantes do povo.

O Natal é a celebração festiva da maternidade da Virgem Maria, narrada por S. Lucas, quando refere que “chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito”. Ali, há dois mil anos, num lugar remoto da Judeia, realizou-se o milagre de Deus, que constituiu uma grande alegria para todo o povo, pois nasceu, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor.

O Natal é a manifestação da graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens, como dizia Paulo na Epístola a Tito. Em Jesus Cristo, que nasceu para nós e morreu por nós, Deus manifestou a sua grandeza e a sua bondade, libertou-nos de toda a iniquidade e manifestou a sua glória.

A novidade do Natal é a novidade de Cristo, o Filho de Deus, o Homem Novo gerado no seio de Maria, portador da novidade eterna do amor de Deus, sempre capaz de inspirar a novidade do amor que a humanidade é convidada a gerar e a fazer nascer em cada lugar e em cada tempo.

Irmãos e irmãs!

Esta nova vida que nos invade na celebração do Natal de Jesus, traz-nos o desafio da conversão e leva-nos ao compromisso da geração de vida nova no nosso mundo. Colhemos da Virgem Maria a vocação e a missão de gerar e fazer nascer na humanidade de hoje os sinais do amor que ela nos trouxe. Podemos entender o Natal como um contínuo gerar e fazer nascer tudo o que Jesus é para nós e manifestou à humanidade.

A maternidade de Maria é, de facto, inspiradora para as diferentes formas de maternidade que somos chamados a viver, pois ela gera Jesus e tudo aquilo que Ele é, que Ele anuncia e que Ele deseja para um povo de irmãos, que deve ser toda a humanidade.

A maternidade de Maria inspira a maternidade biológica de pais e mães, abertos ao dom da vida dos novos filhos, queridos e amados como um tesouro do amor humano, reflexo e imagem do amor divino. Vista desta forma, a maternidade e a paternidade, para além de um milagre da natureza, são a manifestação mais pura da grandeza da humanidade e da sua vocação de criatura ao serviço da beleza da criação.

A maternidade de Maria inspira a maternidade espiritual e eclesial, pois todos os que são gerados pelo Espírito como filhos de Deus, são chamados a trabalhar para que a Igreja gere novos filhos. A fé cristã vivida e alimentada por Maria, imagem e figura da Igreja, é para ser comunicada, alimentada e favorecida em tantas pessoas que anseiam por conhecer Jesus, por aderir ao seu Evangelho salvador e por encontrar a paz no seu coração. Gerar novos filhos e filhas de Deus por meio da evangelização, palavra e testemunho conduzidos pelo Espírito Santo, é uma forma de maternidade espiritual e eclesial, que preenche a nossa vocação cristã.

A maternidade de Maria inspira a fraternidade humana, no sentido de que nos leva a trabalhar pela construção de uma sociedade feliz, pacífica e justa para todos. Acolher Maria por Mãe e Jesus como Irmão conduz-nos a sentir a fraternidade universal como uma realidade e não simplesmente como um sonho ou como uma imagem poética própria da época natalícia.

A maternidade de Maria inspira a dimensão cultural, que inclui o reconhecimento e a promoção da bondade e da beleza da criação, o trabalho em favor da vida humana, a preservação da criação, a ecologia integral, o respeito pela igual dignidade de todas e cada uma das pessoas.

A maternidade de Maria inspira a dimensão sócio económica das comunidades, pois leva a ensaiar formas verdadeiramente novas de organização social, económica e política que ponham no centro a pessoa humana em vez do lucro, da eficiência ou das estatísticas. Conceber uma organização social inspirada pelo amor recíproco, pela fraternidade e pelo respeito pelos outros como iguais, conduz à geração das sociedades novas de que não podemos desistir.

A maternidade de Maria inspira o mundo de paz cantado pelos Anjos e querido por Jesus, o Príncipe da Paz. Não temos memória recente de uma necessidade de paz como hoje, uma vez que os focos de guerra são agora cruéis, sangrentos e mortais. O Natal é desafio a gerar a paz no coração, para que nasçam gestos concretos de paz no nosso mundo e não tenha mais lugar “o calçado ruidoso da guerra” e “a veste manchada de sangue” de que falava o profeta Isaías. Como ele proclamou, tudo desapareceu no fogo quando um menino nasceu para nós e um filho nos foi dado. Como ansiamos por esse dia, como desejamos que nasça em nós esse menino e a paz renasça sobre a face da terra!

Irmãos e irmãs!

Natal é nascimento de Jesus, a novidade de Deus que salva a humanidade.

Natal é maternidade da Virgem Maria, que nos dá Jesus, Aquele que renova todas as coisas.

Natal é, para nós, nascer de novo, por meio da maternidade de Maria, que, como Igreja, nos acolhe como filhos seus e irmãos de toda a humanidade.

Que este Natal seja verdadeiramente inspirador e princípio da novidade de Deus na vida de todos e cada um de nós.

Virgílio Antunes, bispo de Coimbra

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