Síntese Diocesana: Compromisso com a sinodalidade

Diocese de Coimbra
Sínodo 2021-2023
Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão

 

Síntese Diocesana
“Compromisso com a sinodalidade”

 

Introdução

O desafio sinodal lançado pelo Papa Francisco criou dinamismos muito para além das respostas recebidas, o que não se consegue quantificar e que são ‘semente lançada à terra’ a germinar. Não se tratou apenas de escutar algumas pessoas, mas de assumir um estilo de relação e de envolvimento da ação pastoral, de organização e de evangelização, desafiando à reflexão e à participação.

O processo sinodal iniciou-se com a celebração de abertura, no dia 17 de outubro de 2021, na Sé Velha. D. Virgílio, na sua mensagem enviada a todas as comunidades diocesanas afirmava: “a Diocese de Coimbra entra confiante neste processo sinodal e manifesta a sua disponibilidade para percorrer os passos propostos pelo Papa Francisco. Vamos entrar num clima de oração mais intenso, numa escuta da Palavra de Deus mais profunda e numa reflexão mais empenhada, a fim de darmos o nosso contributo à Igreja Universal e fazermos já da sinodalidade o nosso estilo e maneira de ser Igreja Local.”

Convocou todos e, “de modo especial os conselhos pastorais para uma colaboração mais próxima para que o Sínodo seja verdadeiramente universal”.

A responsabilidade pelo processo sinodal, na fase diocesana, foi confiada ao Secretariado Diocesano de Coordenação Pastoral, constituído como a equipa de trabalho, sob orientação do Vigário Episcopal para a Pastoral.

Delineado o processo de informação e motivação à comunidade diocesana, foram enviados os materiais a serem usados pelos grupos sinodais (grupos já existentes nas comunidades para outras finalidades ou grupos formados especificamente para este efeito).

Para recolha da reflexão produzida e das conclusões de cada grupo, foi criado um guião a partir dos 10 temas do Sínodo e enviado a todas as Unidades pastorais, bem como a todos os organismos eclesiais, tendo sido objeto de apresentação em reunião alargada de secretariados, movimentos, associações e outros, realizada no dia 26 de novembro de 2021.

Foi também criada uma plataforma de resposta online na página web da Diocese.

A motivação e apresentação da metodologia foi objeto, ainda, de várias reuniões de caráter pastoral, designadamente das reuniões do clero de cada arciprestado e dos conselhos pastorais.

Dentro do prazo definido (25 de março), foram recebidas mais de 30 respostas individuais e umas dezenas de respostas de grupo, essencialmente de unidades pastorais e outros grupos, envolvendo pelo menos 200 grupos e cerca de 3.000 participantes.

A assembleia diocesana pré-sinodal para apresentação da síntese diocesana realizou-se a 1 de maio 2022, tendo havido sugestões que provocaram uma revisão do texto.

Sublinha-se a boa participação diocesana, com resposta a todas as questões colocadas. Alguns temas mereceram especial destaque na reflexão, seja por serem mais debatidos ou consensuais, seja por serem minoritários, ou mais dissonantes: corresponsabilidade na missão, escuta, ação das mulheres na igreja, lugar para todos, formação, comunicação, autoridade e participação dos leigos. Verifica-se uma grande diversidade de respostas, eventualmente até contraditórias, pois o sentir e os caminhos apontados não são, nem têm de ser coincidentes.

Não raro, os contributos deixam transparecer experiências pessoais muito marcadas, seja positiva, seja negativamente. De facto, a avaliação local determina a esmagadora maioria dos contributos, sem que, por vezes, seja nítida uma perspetiva mais universal da Igreja.

A dimensão mais importante do processo sinodal, conclui-se, é precisamente a consciência duma maneira de ser igreja para o nosso tempo, de natureza sinodal (no ser e no agir), do caminho já percorrido e do que ainda falta percorrer, o que lança novos desafios.

 

Tema 1 | Os companheiros de viagem

Na Igreja e na sociedade, estamos no mesmo caminho, lado a lado.

1.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

Há um enorme caminho já percorrido neste ‘caminhar em conjunto’ que se confirma nos planos pastorais, no dinamismo ministerial (ministros da Palavra, da comunhão, das exéquias; catequistas; acólitos; leitores; cantores e músicos; ação sócio caritativa...) e nos organismos de corresponsabilidade pastoral (conselhos económicos, conselhos pastorais, equipas de animação pastoral...). Muitos jovens e adultos estão empenhados nestes compromissos.

Também existem momentos de encontro mútuo proporcionado pelos movimentos, comunidades e diocese: retiros, vigílias de oração, jornadas de formação, encontros de espiritualidade, encontros diocesanos (jovens, famílias, presbíteros, consagrados, diáconos, estagiários e candidatos ao diaconado, unidade pastoral, dia da Igreja diocesana, peregrinação a Fátima…), bênçãos, festas religiosas...

Também devemos considerar a importância dos meios de comunicação que reforçam o sentido de pertença e de caminharmos juntos, como os Jornais Diocesanos (Amigo do Povo - fez 106 anos e Correio de Coimbra - fez 100 anos); as Rádios Católicas (Boa Nova e Vida Nova); o site, o Facebook e o Youtube da Diocese; as redes sociais de muitas unidades pastorais, dos secretariados e de comunidades; e muitas publicações da Diocese e das Unidades Pastorais.

Contudo, o caminho já percorrido necessita de novo incremento e estímulo para que seja mais ‘caminhar em conjunto’. Muitos dos organismos de participação carecem de vitalidade, de escuta e de entusiasmo, de partilha, de responsabilidade e de verdadeira sinodalidade. Os pastores misturam-se pouco com as ovelhas. Somos uma Igreja ainda muito centrada no clero, uma “hierarquia conservadora”, que não olha todos da mesma forma (mulheres, LGBTQ, recasados, prostitutas, doentes físicos e psiquiátricos, quem tem opiniões diferentes…). Somos ainda uma Igreja piramidal, com poucas pessoas e envelhecida (com uma grande ausência de pessoas entre os 12 e os 35 anos).

Sobretudo, sente-se muita dificuldade no diálogo com o mundo da cultura, da política, do compromisso social... e com os que estão fora do ’âmbito eclesial’. De facto, nem sempre a Igreja e a sociedade se dão conta de que estão na mesma barca e de que são companheiros de caminhada. Muitas vezes a sociedade em geral ainda considera a Igreja uma ‘instituição retrógrada’.

1.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

Desenvolvermos uma vida espiritual intensa, pois só a partir de Deus podemos fazer a experiência de sermos verdadeiramente irmãos, implicados na mesma missão e caminhando efetivamente juntos.

Neste sentido, devemos superar as divergências e ‘críticas’ entre grupos, movimentos e organismos na Unidade Pastoral e na Diocese.

Precisamos de saber ouvir e escutar. Uma escuta na humildade e sincera, entre todos.

O Espírito convida-nos a ir ao encontro dos que estão fora, dos que já não têm a gramática do religioso, dos indiferentes, dos que se dizem cristãos não praticantes, dos que se sentem à margem. Acolher, acompanhar, discernir e integrar na comunidade, atendendo à “pessoa”, sem excluir quem tenha percursos de vida mais sofridos ou diferentes do comum.

 

Tema 2 | Ouvir

A escuta é o primeiro passo,
mas requer que a mente e o coração estejam abertos, sem preconceitos.

2.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

A escuta é uma realidade na Igreja e está presente, desde logo, no sacramento da reconciliação/penitência, no acompanhamento espiritual, na visita aos doentes…

Também tem sido feito algum caminho na escuta das pessoas nas equipas pastorais e nas equipas de coordenação (como a Equipa de Animação Pastoral, as equipas de coordenação da catequese, o Conselho Pastoral, o Conselho Económico). No entanto, parece difícil sair deste leque de pessoas.

Alguns dizem que «a Igreja fala mais do que ouve». Decide, organiza-se e propõe um programa ao qual os fiéis ‘aderem’, mas para o qual pouco ou nada contribuem. Duvida-se da mudança, o que leva à desmotivação. Mesmo quando se ouvem as pessoas, as opiniões são pouco tidas em conta e as da hierarquia da Igreja prevalecem.

Por isso, muitas pessoas não se sentem escutadas com aceitação incondicional. Escasseiam interlocutores na Igreja com sentido de abertura e de comunhão nas vivências. A escuta é reduzida à confissão, muitas vezes centrada na culpa.

A Igreja local necessita, mais do que nunca, de “escutar” todos aqueles que se apresentam, sejam crianças, jovens, ou sejam pessoas mais crentes ou menos crentes. Para tudo isto é muito importante a existência de bons “líderes” pastorais, e que lhes seja dada a confiança.

É referido ainda que, em algumas avaliações pastorais, mantém-se a tendência de ouvir apenas aquilo que soa melhor, desvalorizando algumas críticas discordantes ou desagradáveis, que porventura permitiriam a renovação das estruturas, dos modos de pensar e de agir da Igreja. Que espaço ocupa a voz das minorias, dos descartados e dos excluídos (desde logo, dos divorciados recasados e dos homossexuais)? Somos uma Igreja muito masculinizada, que tem dificuldades em ouvir os jovens e as mulheres.

Por vezes também se constata uma atitude farisaica e preconceituosa da parte de certos leigos que são líderes de grupos eclesiais e que, em vez de promoverem a comunhão, fomentam antes a divisão e a discórdia na comunidade. Continuamos a ter preconceitos e estereótipos em relação a muitos temas da sociedade. Será importante caminhar para uma maior abertura.

2.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

O Espírito convida-nos a desenvolver uma forte “espiritualidade de comunhão” que pressupõe capacidade de diálogo com quem é diferente (ideias, sensibilidades e até valores), no sentido de superarmos preconceitos e juízos de valor, colocando-nos no lugar do outro, e promovermos encontros inter-geracionais e inter-grupos.

Precisamos de integrar os leigos e consagrados, jovens e mulheres, nos vários serviços de solidariedade à comunidade, inclusive dos mais afastados e dos que não têm tanto conhecimento teológico. Precisamos de valorizar o papel dos leigos, levando-os a sentirem-se membros de pleno direito dentro da Igreja, decorrente do sacerdócio comum.

 

Tema 3 | Tomar a Palavra

Todos estão convidados a falar com coragem e parrésia,
ou seja, integrando liberdade, verdade e caridade.

3.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

A comunicação interpessoal depende muito de quem está à frente da comunidade: se tem ou não um espírito respeitoso, aberto, acolhedor e integrador. Genericamente, a comunicação entre os elementos da nossa igreja local carateriza-se por um estilo comunicativo, livre e autêntico, com vários exemplos de caridade, muito embora, atualmente, as pessoas procurem novas formas de comunicação.

Ainda assim, alguns não falam por medo, por comodismo, por não se sentirem acolhidos, por não se sentirem ouvidos, sobretudo quando se toca em certos temas ou interesses instalados.

Os leigos comprometidos comunicam entre si, mas têm dificuldade em transmitir a sua mensagem para os que andam mais afastados, talvez por timidez ou falta de coragem, mas sobretudo por falta de preparação.

Assim, a comunicação tem sido um aspeto de extrema relevância na ação eclesial: há uma grande utilização da internet, quer para comunicação interna, quer para comunicação externa. A comunicação interna caracteriza-se pelos grupos do Messenger e WhatsApp para comunicação entre pares e encarregados de educação, e externa está mais ligada às páginas do Facebook e sites. Também precisamos de considerar as folhas paroquiais e os jornais.  De notar que a Igreja local, as paróquias e os movimentos estão cada vez mais fortes e presentes nos meios digitais.

A Diocese utiliza diferentes meios de comunicação; não só jornais – um de âmbito mais diocesano e outro de cariz mais popular –, mas também tem vindo a apostar cada vez mais na dinamização do site institucional e na comunicação pelas redes sociais, além da realização de comunicações dirigidas aos media, quando estão em causa lançamentos de certas iniciativas, como a apresentação do plano pastoral diocesano.

3.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

O Espírito Santo dá-nos força e coragem para falarmos abertamente daquilo em que acreditamos e da nossa missão. Ele inspira-nos em todos os atos de comunicação da nossa vida.

Um acolhimento sincero por parte de quem escuta é essencial para que se possa falar com franqueza, responsabilidade e coragem. Isto implica da parte de todos (dos responsáveis um pouco mais) uma grande maturidade humana e cristã e também aqui se deve atestar que a Igreja é “perita em humanidade”. É muito importante a escolha e a boa formação das pessoas com responsabilidades (sacerdotes, consagrados(as) ou leigos).

Devemos apostar muito mais na qualidade do que na quantidade das nossas comunicações. Devemos apostar em novas formas e estratégias de comunicação. É necessário mudar os métodos de comunicação: maior e mais apelativa comunicação através das redes sociais para que a palavra de Deus chegue a todos. Usar mais os meios que o mundo usa para evangelizar (instagram, facebook, ...)

Importa comunicar com linguagem atual na liturgia e falar de forma clara e simples, com linguagem que todos entendam. Importa usar os termos mais eclesiológicos em determinadas situações, mas aprender a falar para pessoas que estão fora da igreja, com recurso a imagens que cativem.

 

Tema 4 | Celebrar

“Caminhar juntos” só é possível se nos basearmos na escuta comunitária
da Palavra e na celebração da Eucaristia.

4.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

A celebração da Eucaristia dominical é o centro da vida da comunidade, é cuidada com cânticos, com dinamização dos leitores e da respetiva preparação, o que vai fazendo crescer o espírito comunitário.

Sublinha-se a centralidade da Eucaristia nos eventos significativos da vida diocesana e paroquial. Este dinamismo manifesta-se através de vigílias de oração, adoração eucarística, lectio divina, retiros, peregrinações, celebrações eucarísticas (preparação e celebração), religiosidade e piedade populares, catequese (ligação com os pais).

Apesar de se sentir ultimamente um maior número de fiéis a corresponder, ainda estamos num ambiente de "atores e espetadores". Não se tem promovido a participação ativa dos fiéis. Nos últimos tempos, a comunidade tornou-se menos participativa. Alguns elementos afastaram-se devido à pandemia ou por razões pessoais.

Verifica-se, com frequência, a falta de cristãos na missa; a maior parte das assembleias estão envelhecidas com falta dos mais novos. Na perspetiva de alguns jovens, este caminhar em conjunto está a acontecer de forma muito rotineira e pouco criativa.

4.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

Precisamos de:

- integrar todas as pessoas; participar e não "assistir";

- promover a formação, através da participação em palestras, encontros, tendo como objetivo gerar novas dinâmicas para chegar a toda a comunidade;

- tornar a vida litúrgica mais compreensível, nos seus diversos ritos e celebrações. Que os cristãos sintam que estão a participar ativamente na liturgia e possam fazer a experiência da íntima relação entre celebração e vida.

- Rezar juntos e escutar juntos a Palavra como meio para progredir na comunhão com outros crentes.

- Que as celebrações eucarísticas sejam bem preparadas a nível:

- da preparação e proclamação das leituras;

- de homilias claras, que articulem bem o Evangelho com a vida concreta;

- de cânticos acessíveis, alegres, bem interpretados e participados;

- de momentos explicativos claros (como uma catequese dirigida à generalidade da assembleia, cuja maioria não frequenta grupos de aprofundamento da fé) sobre o significado de cada uma das partes da Missa.

- Que a intervenção feminina seja mais valorizada na vida da Igreja, designadamente no canto, na proclamação da Palavra, no ministério da comunhão ou da celebração dominical na ausência do sacerdote. Alguns pedem que a Igreja admita a possibilidade de um dia as mulheres também serem admitidas ao presbiterado.

- Melhorar a formação dos sacerdotes, com maior sensibilidade aos problemas familiares, sociais, económicos, etc., para que sintam as dores, anseios e alegrias das pessoas. Que cheguem à vida das pessoas a partir da Palavra de Deus. Mais uma vez, a criação de grupos de pessoas que saibam acolher com um sorriso, um afeto, quem vem às celebrações. Criarmos, por exemplo, um “ministério do convívio”, do “acolhimento”, podendo tentar-se até o envolvimento dos grupos de jovens.

 

Tema 5 | Corresponsáveis na missão

A sinodalidade está ao serviço da missão da Igreja,
na qual todos os seus membros são chamados a participar.

5.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

Já há muitos sinais de corresponsabilidade na missão eclesial. São muitas as pessoas envolvidas e comprometidas na missão da Igreja (ministros, catequistas, chefes dos escuteiros, comunicação social - rádio, jornais, redes sociais...), embora haja quem aponte o exagerado protagonismo dos sacerdotes e a discriminação das mulheres.

No entanto, depende de comunidade para comunidade. Por exemplo, muitas não dão qualquer apoio ou reconhecem quem se dedica a determinadas funções eclesiais; e muitas vezes as comunidades também não financiam despesas que alguns cristãos vão fazendo nas suas atividades eclesiais.

Nalgumas comunidades reconhecemos que é difícil a escolha para determinadas funções; quem tem perfil não quer e quem quer não reúne as competências necessárias. Reconhecemos ainda que existem cristãos que transformam os seus cargos ou funções em pequenos feudos ou quintas pessoais.

Os cargos deveriam ser confiados na base da competência e da capacidade de estar ao serviço, supondo formação para essas funções. Igualmente, em certas circunstâncias, nota-se um ativismo exacerbado de múltiplas tarefas paroquiais e diocesanas, negligenciando uma vivência mais simples e quotidiana do Evangelho.

Raramente os fiéis assumem o protagonismo da missão, sendo esse papel atribuído ao clero que faz o discernimento sobre as escolhas relativas à missão. Deste modo, verificamos que na nossa igreja local ainda há um longo caminho a percorrer no sentido de sermos todos missionários, no caminho para uma igreja sinodal.

5.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

O Espírito convida-nos a: - crescer na consciência de que cada cristão é protagonista da missão da Igreja, com responsabilidades próprias;

- Estarmos atentos a novas formas de chegar perto de quem está mais afastado, sem esquecer que o nosso grande testemunho (missão) passará sempre pelo “vede como eles se amam”.

O Espírito interpela-nos a desinstalarmo-nos e a trabalharmos mais ativamente no apoio aos irmãos mais desfavorecidos, promovendo o acolhimento, a integração e convívio entre todos.

Dando alguns exemplos:

- os pais deverão ser mais ativos na catequização dos seus filhos, pois escolhendo o batismo estão a assumir essa missão;

- seria bom promovermos a realização de projetos de voluntariado/ Missões pelos paroquianos;

- evitarmos a tentação de nos afadigarmos em múltiplas tarefas nas comunidades, que por vezes nos deixam exaustos e praticamente sem tempo para VIVER.

- convidarmos as pessoas a virem às celebrações, falar de Deus sem receios ou vergonhas

- partilharmos responsabilidades, formar equipas com pessoas de diferentes áreas, para intervir junto dos que necessitam de acompanhamento psicológico ou outro (visitar idosos, pessoas isoladas ou carenciadas, …).

 

Tema 6 | Dialogar na Igreja e na sociedade

O diálogo é um caminho de perseverança,
que inclui também silêncios e sofrimentos,
mas é capaz de recolher a experiência das pessoas e dos povos.

6.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

Temos consciência de que a Igreja e os outros setores da sociedade dialogam, crescem e se ajudam eficazmente nas suas missões, principalmente através das relações informais (e muitas vezes verdadeiramente fraternas), que diariamente se cruzam e influenciam reciprocamente. Ao nível institucional, existem colaborações importantes entre a Igreja e outras forças da sociedade, ainda que nem sempre possam ser fruto de um verdadeiro diálogo e compreensão.

O diálogo é um caminho difícil que precisamos de cultivar em Igreja e em sociedade. As dificuldades prendem-se essencialmente com o facto de não se saber escutar com o coração e abrir-se a novos horizontes. As estruturas locais e regionais, dentro e fora da igreja, não favorecem a comunicação pela sua rigidez e fechamento. A voz da Igreja é cada vez menos solicitada pela sociedade civil.

Duma forma geral a Igreja tenta fazer-se próxima do outro. Mas há dificuldades em dialogar com outras confissões religiosas e outras instâncias, frequentemente, em abono da verdade, por responsabilidade também das outras partes. Nota-se, no entanto, que a Igreja está progressivamente a abrir-se mais ao diálogo com a sociedade, sobretudo desde o Vaticano II, e agora com mais expressão no pontificado do Papa Francisco, que tem inspirado a Igreja Universal e local a ser mais dialogante.

Sabemos que a Igreja tem alguma dificuldade em envolver-se em questões sociais, políticas, económicas e culturais, mas não deve deixar de fazer ouvir a sua voz em prol dos mais pobres e explorados, embora saiba que não consegue dar resposta a tanta miséria e sofrimento, mas poderá, mesmo assim, fazer mais pelos mais necessitados e desfavorecidos.

Contudo, continua a haver um espírito excessivamente diretivo e centralizador por parte dos responsáveis pelas paróquias. Não há um esforço visível na adoção de práticas inovadoras, seguindo-se um modelo de gestão que tende a ser confundível com a personalidade do responsável/responsáveis paroquiais. As dioceses, como as paróquias, funcionam de forma estanque.

6.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

O Espírito Santo convida-nos: à tolerância e ao diálogo na sociedade, e este caminho sinodal também nos vem ajudar a aprofundar as relações nos vários grupos reunidos. Neste sentido, convidarmos a sociedade civil e política para mais momentos da vida da Igreja; integrarmos, até, algumas pessoas nas nossas estruturas de participação; dialogarmos com a cultura do séc. XXI, promovendo a radical igualdade da condição humana.

Procurarmos o diálogo e mantê-lo, criarmos espaços de partilha e reflexão, continuarmos a criar e fomentar o diálogo extra-eclesial (ecuménico, inter-religioso, político, social, cultural...). A Igreja deve procurar ser mais comunhão e participação, deve procurar corrigir formas de atuar que não respeitam a dignidade da pessoa, especialmente dos menores e das mulheres.

Uma maior eficiência na comunicação das boas práticas, uma partilha transversal de experiências entre as dioceses (secretariados, movimentos e outros organismos); entre as paróquias e mesmo entre grupos de uma mesma paróquia. Há que atender aos casos de sucesso na Igreja e procurar adaptar realidades para conseguir idênticos resultados.

Mantermos/reforçarmos o gesto do presidente da celebração de cumprimentar, no final da missa, o que simboliza a promoção da cultura da proximidade e do diálogo.

 

Tema 7 | Com outras confissões cristãs

O diálogo entre cristãos de diferentes confissões,
unidos por um único Batismo, ocupa um lugar particular no caminho sinodal.

7.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

Embora escassas, existem experiências estruturadas com mais de vinte anos, que têm promovido e aprofundado o diálogo ecuménico na Diocese, designadamente, assegurando e dinamizando anualmente as celebrações da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Tem havido cooperação com outras confissões cristãs e outras religiões (cedência de templos, particularmente com a Igreja ortodoxa; assim como, algum trabalho conjunto no serviço aos doentes hospitalizados, especialmente no Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa nos CHUC).

Houve muitos encontros entre os membros da comissão diocesana e pastores e pastoras protestantes, com partilha de momentos de refeição, de oração e de debate de alguns assuntos. Houve participação em celebrações festivas e de luto.

Esta dimensão tem sido reforçada com as peregrinações de jovens a Taizé (especialmente do SDPJ) e com atividades escutistas internacionais (onde os Escuteiros-CNE e os escoteiros vão no mesmo contingente).

Contudo, verifica-se um grande desconhecimento da realidade vivida nestas comunidades, bem como do real impacto que têm na sociedade em geral e nas nossas comunidades em particular. Neste sentido, em muitas zonas da Diocese o que há é essencialmente indiferença e desconhecimento concreto uns dos outros.

7.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

O Espírito convida-nos a conhecer as diferentes Igrejas presentes na nossa Diocese de Coimbra, sensibilizando pastores e fiéis para a importância deste diálogo ecuménico, replicando-as. Devemos dar a conhecer as experiências já existentes neste diálogo.

Promovermos encontros de jovens das várias Igrejas, dando-se a conhecer mutuamente e realizando iniciativas conjuntas de âmbito mais espiritual (como as peregrinações de jovens a Taizé) ou de âmbito mais social e ecológico.

Introdução da dimensão ecuménica na catequese de adolescentes e jovens, nomeadamente, através de testemunhos e de outras atividades conjuntas. Sensibilização para a importância desta dimensão nos seminários, com uma formação mais aprofundada e maior aproximação à realidade existente.

Organizarmos iniciativas de contacto/diálogo com não crentes e crentes de outras religiões, abrindo a Igreja à sociedade e fazendo dela um motor do progresso social e da comunhão humana.

Cultivarmos o respeito mútuo e promovermos maior abertura e aproximação das diferentes confissões cristãs, e rezarmos mais pela unidade dos cristãos.

 

Tema 8 | Autoridade e participação

Uma Igreja sinodal é uma Igreja participativa e corresponsável.

8.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

A Igreja é um corpo com muitos membros em que cada um tem tarefas próprias; sendo que a autoridade dentro do seio da Igreja é representada e realizada pelo sacerdote e pelo Bispo (também aqui é de valorizar o Conselho Presbiteral e Episcopal; Colégio de Consultores, Secretariado de Coordenação Pastoral...).

Nota-se um esforço para planificar as atividades eclesiais; temos planos pastorais diocesanos e paroquiais. Nota-se uma integração cada vez mais progressiva da participação dos leigos nas tomadas de decisão comunitárias (secretariados, catequese, conselhos pastorais e económicos, Equipa de Animação Pastoral...).

É de valorizar a envolvência de toda a Diocese na construção e avaliação do Plano Pastoral, na medida em se dá espaço para a participação de todos. Contudo, neste e noutros processos, nem sempre é percetível a avaliação e, sobretudo, as consequências dessa avaliação. 

Na prática, há muita discrepância no que respeita à questão da Autoridade e do Poder, já que em alguns casos o clero partilha ambas com o laicado e noutros ainda há uma grande centralização no padre e um exercício autoritário – numa clara expressão de clericalismo. A autoridade na Igreja e participação na Igreja, na maioria das paróquias, acontece em pirâmide. Não se valoriza, de igual forma, a participação das pessoas na igreja.

Há quem refira que muitos jovens são impedidos de realizar funções na eucaristia, na catequese ou na liderança de grupos, pois essas funções são sempre assumidas por pessoas mais velhas. Deve, por isso, dar-se lugar aos jovens, com liberdade e acompanhamento.

Nalguns casos, atualmente recorre-se menos aos ministros leigos, para funções litúrgicas, designadamente celebrações na ausência de presbítero e na distribuição da Comunhão na Igreja ou no domicílio dos doentes.

A responsabilidade dos fiéis é exercida principalmente no serviço de apoio logístico da manutenção das capelas e das igrejas, na catequese de crianças e jovens, no leitorado e acolitado. Para isso a Diocese dispõe, há muitos anos, de estruturas de formação, atualmente a Escola de Teologia e Ministérios.

8.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

O Espírito convida-nos a participar na vida da Igreja, particularmente no processo de evangelização, refletindo e orando para que ilumine as pessoas que vão servir no ministério laical.

Precisamos de aumentar a consciência de pertença à Igreja local, para além da simples pertença ao movimento ou paróquia (aqui os responsáveis têm um papel importante).

Precisamos de integrar membros da Igreja que, talvez, nem sempre sejam considerados, nos processos de consulta e discernimento: mulheres, idosos, jovens, pessoas com deficiência, os mais desfavorecidos… e que a presença e o cuidado da Igreja junto deles sejam cada vez mais uma realidade e exigência para todos.

Dispormos de um organismo interno autónomo e independente, para divulgar as boas práticas e corrigir o autoritarismo e abuso de poder (tanto do clero como também do laicado).

Devemos abrir caminho a uma participação mais efetiva dos leigos; uma valorização real dessa participação, um acolhimento das conclusões, propostas e opiniões. Será importante desenvolvermos um espírito de trabalho de equipa, mais humano e humanizador e implementarmos, para isso, mais formação dirigida aos leigos.

 

Tema 9 | Discernir e decidir

Num estilo sinodal, decide-se por discernimento,
com base num consenso que dimana da obediência comum ao Espírito.

9.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

As diretrizes surgem da Diocese e a partir delas promove-se a reunião, o debate, o diálogo e a escuta aos diversos grupos da comunidade, tais como Conselho Pastoral, Sacerdote, Catequese, Zeladoras, Ministros da Palavra, Grupo Coral, Grupo de Leitores, Acólitos e Conselho Económico. Partimos do princípio de que o discernimento é a base do agir da Igreja pois, sem ele, não há uma autêntica vida no Espírito.

Está a acontecer nos encontros dos vários movimentos das unidades pastorais, embora de forma muito frágil e sem grandes frutos. Ainda existe uma distância grande entre o decision-making (tomar a decisão) e o decision-taking(concretizar a decisão). A boa notícia de mudança nesse paradigma são as Equipas de Animação Pastoral, onde as decisões são mais sinodais e as fases consultiva e deliberativa tendem a assumir uma maior harmonia.

Existe discussão, mas a tomada de decisões e adoção das alterações propostas no âmbito dessa discussão são sempre da responsabilidade dos párocos e, não raro, estes têm uma visão pessoal da realidade que tem preponderância em detrimento de outras opiniões e contributos decorrentes de observação e reflexão por parte de leigos empenhados. Acresce a existência de inúmeras pequenas “capelas” que não se abrem à lógica do “caminhar juntos”.

Alguns sentiram dificuldade em perceber de que forma poderiam contribuir para este caminho sinodal, dado não estarem habituados a ser ouvidos e a discernir. Importante, neste contexto, é a auscultação de opiniões e diálogo: o e-mail e o Whatsapp têm sido ágeis instrumentos de conhecimento de opiniões e troca de informações.

É útil comunicar abertamente os pressupostos das decisões e das regras da Igreja, por forma a desmistificar certos estereótipos; comunicar de forma mais aberta e transparente nas redes sociais e comunicação social, por exemplo, as contas da Igreja, a preocupação vigente no momento com problemas e as principais necessidades. A transparência na Igreja é de fundamental importância para a mesma Igreja.

Contudo, é sublinhado que o discernimento não é a prática habitual da comunidade. Não existe, na nossa Igreja local, um método de discernimento em conjunto, pois as pessoas envolvidas não são ouvidas de forma a poderem tomar decisões. Deste modo, “somos apenas incluídos na fase do agir de acordo com. Somos uma comunidade responsável no que nos é proposto, mas não somos incluídos na tomada de decisão”.

Infelizmente há poucos interlocutores com capacidade e assertividade para participar e promover a tomada de decisão fundamentada nas comunidades. O discernimento e a busca do consenso – “dar as mãos” na concretização de determinado projeto, implica uma relação de disponibilidade e diálogo, o que nem sempre acontece.

9.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

Procurarmos desenvolver uma Fé esclarecida e responsável. Promovermos uma maior horizontalidade no discernimento e nas tomadas de decisão. Que os leigos sejam cada vez mais responsabilizados e chamados a participar nesse sentido.

Promovermos uma Igreja mais tolerante. Acolhermos pessoas com competência, mesmo que nem sempre estejam em situação canónica regular, mas que queiram e possam dar o seu contributo. O papel da Igreja deve ultrapassar os limites do moralismo e atender mais ao Evangelho.

Alargarmos, a outros setores da sociedade, a possibilidade de darem contributos para a discussão de temas relevantes e considerarmos formas pragmáticas de incorporação destes contributos. Chamarmos quem se afastou da Igreja para conversas individuais que partam do entendimento do percurso da própria pessoa, integrando-as na vida da Igreja.

O Espírito chama-nos a estimular processos que evidenciem a transparência dos processos decisórios relativamente a cada setor, ministério ou movimento da nossa Igreja local, bem como promover um maior envolvimento da comunidade, naquilo que for possível.


Tema 10 | Formar-se na sinodalidade

A espiritualidade do caminhar juntos é chamada a tornar-se princípio educativo
para a formação da pessoa humana e do cristão, das famílias e das comunidades.

10.1. O que está a acontecer na nossa Igreja local?

No que respeita à formação dos leigos para a sinodalidade é urgente reforçar várias propostas como as Jornadas Diocesanas de Pastoral, as Jornadas de Formação Permanente, a Catequese de Adultos de Inspiração Catecumenal, conferências, encontros de formação dos movimentos e encontros de formação diocesana, arciprestal e de unidade pastoral (catequese, ministérios), ...

Muitas destas ações acabam por chegar a poucos e com poucas consequências práticas ou mudanças no exercício da vida eclesial. Não basta participar. Chama-se à atenção que as formações diocesanas deveriam ser vocacionadas para os leigos respeitando os seus horários de trabalho.

Também na preparação e formação para o sacerdócio, é preciso apostar num novo paradigma no exercício da autoridade, baseada na humildade e no serviço, com uma mentalidade aberta, espírito de entrega e serviço e humildade na compreensão do próprio ministério.

10.2. Que passos o Espírito nos convida a dar?

Seria importante instituirmos uma 'estrutura sinodal' permanente, onde se promovessem assembleias comunitárias regulares, como lugares privilegiados de prática da escuta e diálogo autênticos e de integração dos "buscadores" de Deus.

É muito importante formarmos os seminaristas no espírito sinodal, como forma de analisar, decidir e atuar sobre a realidade onde trabalham e onde virão a trabalhar.

Implementarmos formas de inter-relação entre os diversos grupos existentes na Unidade Pastoral, de modo a quebrar a tendência hoje muito marcada de 'espírito tribal', que por vezes também afeta a Igreja.

Redescobrirmos o método da Revisão de Vida com as suas fases do Ver, Julgar e Agir e aplicá-lo no funcionamento dos vários grupos existentes nas comunidades, como uma forma de formação evangélica, de ligação entre Evangelho e vida e de atuação à sua luz.

 

Coimbra, 27 de maio de 2022
A Equipa Sinodal Diocesana
Manuel Carvalheiro, pe. (coordenador)
André Colaço, diác.
António Domingues, pe.
Carlos Neves
Elda Calado
Jorge Santos, cón.
Maria Graça Ferrão
Nuno Santos, pe.
Pedro Isidoro

 


Documentos para download

Oral

Genç

Milf

Masaj

Film

xhamster