CELEBRAÇÃO DOS 250 ANOS DO SEMINÁRIO DE COIMBRA

CELEBRAÇÃO DOS 250 ANOS DO SEMINÁRIO DE COIMBRA
SESSÃO SOLENE NO SALÃO DE SÃO TOMÁS

Fazer memória

Desde a fundação da diocese de Coimbra, cujos contornos históricos não conhecemos completamente, existe nela Seminário num sentido mais sentido lato. O chamamento para seguir Cristo no ministério sacerdotal foi uma constante, pois tem as suas origens no chamamento que o Senhor fez aos doze para O seguirem, seguido do tempo em que andaram com Ele, passando pelo envio a anunciar o Evangelho a todos os povos da terra e a conduzir o povo de Deus às fontes da salvação. Ao longo dos tempos, os apóstolos e os seus sucessores, sempre chamaram outros que estiveram com eles, que formaram no seguimento de Cristo e com quem partilharam a missão recebida.
O Concílio de Trento, expressão da força renovadora da Igreja, ordenou que se criassem os Seminários nas diferentes dioceses do mundo católico, para que a formação dos pastores da Igreja tivesse maior consistência doutrinal e pastoral, a fim de se ajustar mais plenamente às necessidades do Povo de Deus. Esta medida, que não foi fácil de implementar, revelou-se adequada para os séculos que nos precederam e as dioceses foram criando os seus Seminários. Coimbra não foi exceção, apesar de um pouco tardiamente, porventura por ter outros meios de formação sacerdotal, que pareciam suficientes aos seus responsáveis, e por esta ser uma obra de tão grande envergadura que não era fácil dar-lhe início.
A fundação do Seminário de Coimbra constitui uma ação a todos os títulos notável e a construção deste edifício, cujos 250 anos celebramos, revela-se um feito de elevadíssimo alcance para a vida da Igreja Diocesana, como a sua história facilmente demonstra.
Fazer memória significa assumir a história do passado com gratidão e procurar compreender os caminhos que Deus preparou para esta Igreja Particular, a força de fé que animou os seus protagonistas e o entusiasmo necessário para lançarem mãos de um projeto arrojado, que nos honra e nos encoraja.

Amar o presente

Esta celebração festiva é portadora de um veemente apelo para que amemos o presente da vida da Igreja Diocesana, o presente do seu Seminário, o Povo de Deus que agora somos, as pessoas que a servem, concretamente os ministros ordenados, os seminaristas e os que poderão vir a abraçar a vocação sacerdotal, dando continuidade ao projeto do Senhor Jesus e à história que nos precede.
Os tempos que vivemos têm as suas caraterísticas bem diferentes dos tempos passados. Podemos ficar-nos fazer o diagnóstico da realidade atual e a compará-la com o que passou, e perdemos o tempo, ou podemos amar a Igreja que somos, aceitá-la com alegria como dom de Deus, apesar das suas grandezas e misérias. Todos os tempos são bons para a Igreja, se forem acolhidos como tempos de graça, como kairós, como tempo oportuno de salvação.
As modalidades podem mudar, como mudaram ao longo de vinte séculos de cristianismo, mas a força da fé capaz de converter os corações permanece; o chamamento ao sacerdócio mantém-se como um sinal da misericórdia de Deus para com os seus escolhidos e para com o seu Povo; os meios de formação e crescimento dos que o Senhor chama continuarão a progredir, desde que estejamos abertos à novidade do Espírito, sem outro desejo que o de servir como pastores segundo o coração do Bom Pastor.

Preparar o futuro

A pastoral das vocações sacerdotais tem de afirmar-se como a prioridade das prioridades dentro da nossa Diocese. Ela não diminui em nada todos os outros objetivos entrais da vida da Igreja Diocesana, como a formação a evangelização, a formação dos leigos, a construção de comunidades de discípulos missionários, a promoção da família como lugar onde germinam e crescem os novos filhos de Deus, a atenção às vocações de consagração. Antes pelo contrário, a promoção das vocações sacerdotais é transversal a toda a ação da Igreja e orienta-se para a construção da Igreja querida por Jesus Cristo, como comunidade alicerçada na Eucaristia e na contínua reconciliação dos homens com Deus.
O futuro de toda a ação pastoral da nossa Diocese de Coimbra passa pelo amor apaixonado ao Povo de Deus, que morre se não tem os servidores da Palavra e da Eucaristia. Se acreditamos que a Eucaristia faz a Igreja, sentimos como primeiro motivo de alegria interior a oração que fazemos e o trabalho que realizamos para que dela não careça o Povo de Deus.
O lugar e o papel das famílias cristãs é essencial em todo este processo, mas os principais protagonistas da pastoral das vocações sacerdotais são os próprios sacerdotes, aqueles para quem o Senhor olhou com misericórdia e chamou para O seguirem, conhecerem os mistérios do seu amor e partilharem consigo a solicitude própria do pastor para com o seu rebanho.
São dois os principais meios que precisamos de desenvolver para que a nova primavera vocacional desponte entre nós: o amor ao sacerdócio e o amor à eucaristia. Falar do amor ao sacerdócio significa recolocá-lo no seu verdadeiro lugar teológico e senti-lo como lugar de um serviço insubstituível ao Povo de Deus, que não é sinónimo de poder nem de recuperação de formas datadas do seu exercício; falar de amor à eucaristia significa sentir que ela é o centro absoluto da vida da Igreja, que a celebração do augusto sacramento é a fonte da graça e que nenhuma outra celebração a pode substituir sem grave prejuízo para o crescimento na comunhão com Deus e com os irmãos.

Desejo e peço que esta comemoração dos 250 anos do nosso Seminário, bem como a recordação de todos os que foram protagonistas do seu percurso - e hoje lembramos especialmente o Bispo D. Manuel Luís Coelho da Silva, no centenário da início do seu ministério na Diocese de Coimbra - seja oportunidade para criarmos um novo ardor em favor das vocações sacerdotais.
Quanto a este grande e belo edifício, tudo faremos para que seja o lugar da formação teológica, da formação dos ministros para o anúncio do Evangelho, do crescimento da fé, do aprofundamento espiritual, da cultura, do encontro e do diálogo, ao serviço de toda a Diocese.
Deste modo honramos os que nos precederam e manifestamos o grande amor que temos ao Povo de Deus que reza e trabalha para que Deus lhe dê santos pastores segundo o seu coração.

Coimbra, 28 de outubro de 2015

Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

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