Só a pessoa humana é chamada à
plenitude da vida que consiste justamente na participação da
própria vida de Deus.
Portanto, desde o início até ao fim, a vida humana é
diferente das outras realidades. João Paulo II afirma na sua
Encíclica "Evangelho da Vida": "só Deus é o Senhor da vida,
desde o princípio até ao fim: ninguém, em circunstância
alguma, pode reivindicar o direito de destruir directamente um
ser humano inocente".
Toda a Igreja tem como missão anunciar este Evangelho da
vida ao mundo inteiro. Anúncio que se tornou urgente,
sobretudo face aos contínuos ataques dirigidos à vida das
pessoas e dos povos, especialmente dos mais frágeis e
indefesos.
Já o Concílio Vaticano II na Gaudium et Spes
alertava: "Tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a
espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio
voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana,
como as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as
tentativas para violentar as próprias consciências; tudo
quanto ofende a dignidade da pessoa humana, como as condições
de vida infra-humanas, as prisões arbitrárias, as deportações,
a escravidão, a prostituição, o comércio de mulheres e jovens;
e também as condições degradantes de trabalho, em que os
operários são tratados como meros instrumentos de lucro e não
como pessoas livres e responsáveis. Todas essas coisas e
outras semelhantes são infamantes e ofendem gravemente a honra
devida ao Criador".
A Semana da Vida nasceu em 1991 por iniciativa de João
Paulo II. Ao encerrar o Sínodo sobre a Europa, o Papa pediu
que, em todos os países do mundo, a Igreja promovesse em cada
ano a celebração de um Dia ou de uma Semana da Vida.
Na sua encíclica "Evangelho da Vida", publicada em
1995, reforçou este pedido
ao propor uma celebração com o objectivo de «suscitar
nas consciências, nas famílias, na Igreja e na sociedade, o
reconhecimento do sentido e valor da vida humana em todos os
seus momentos e condições, concentrando a atenção de modo
especial na gravidade do aborto e da eutanásia, sem contudo
menosprezar os outros momentos e aspectos da vid»
(EV 85). A Conferência
Episcopal Portuguesa, em plena sintonia com o Papa, determinou
que anualmente se celebrasse uma Semana da Vida, actualmente
promovida pela Comissão Episcopal do Laicado e da Família.
A razão de ser desta insistência está na constatação de que
se desenha, na sociedade actual, uma cultura que desvaloriza a
vida.
Reparemos na ligeireza com que alguns defendem e promovem o
aborto, a eutanásia, a manipulação e destruição de embriões
humanos recém-concebidos, lembremos a destruição das condições
de habitabilidade no nosso planeta, recordemos o modo
irresponsável como tantos conduzem nas nossas estradas,
consideremos a generalização do recurso às drogas, constatemos
o recurso à guerra como se fosse "solução" única para os
conflitos, não esqueçamos a insensibilidade perante a fome e
as doenças que devastam zonas imensas do nosso planeta. São
muitas as situações que nos fazem reconhecer que estamos
confrontados com uma "cultura da morte".
E, no entanto, todos somos chamados a «cuidar da vida
toda e da vida de todos», isto é «cuidar do outro
enquanto pessoa confiada por Deus à nossa responsabilidade»
(EV 87).
Promovemos a vida em todos os seus momentos: os
«mais simbólicos da existência como são o nascer e o morrer» (EV
18), mas também a vida de todos os dias, «através da
ajuda prestada ao faminto, ao sedento, ao estrangeiro, ao nu,
ao doente, ao encarcerado...» (EV 87).