Atenta às
várias dimensões da Família actual, a Comissão Episcopal da
Família propõe para a Semana da Vida de 2005 (de 15 a 22 de
Maio) uma reflexão sobre as múltiplas formas de violência a
que a Família está, hoje, exposta.
Importa
suscitar uma tomada de consciência alargada face a todas as
formas de violência que se opõem à vida concreta, vida esta
que se afirma e cresce naquele que a justo título é
considerado o “Santuário da Vida”: a Família.
São
crescentes as formas de violência que, em nossos dias, ameaçam
a vida familiar. Hoje teremos de identificar muitas delas,
como ameaças à própria vida e às suas manifestações legítimas
como a dignidade, a integridade física e moral e a realização
da pessoa dentro da Comunidade familiar.
Quem não
é sensível à violência que se manifesta nas agressões
conjugais? Como esquecer a violência exercida pelo abandono
dos mais novos ou dos idosos? Quem poderá fechar os olhos à
violência que se exerce de fora para dentro, no domínio
legislativo, económico e fiscal? Quem não reconhece a
violência vivida por tantas famílias no âmbito laboral?
Poder-se-á, porventura, ignorar a violência que os Meios de
Comunicação Social exercem de forma inexorável sobre todos,
sendo mais notória nos mais novos? E a violência no domínio da
convivência social ou ainda em âmbito escolar?
Toda esta
ampla e complexa realidade é motivo de interesse, de reflexão
e de intervenção dos cristãos na sociedade, cuja célula
fundamental é a Família. Reflectir e rezar são os melhores
pontos de partida para uma acção consciente e transformadora.
Sem ajudarmos a transformar as mentalidades não poderemos
esperar ter uma sociedade renovada, com Famílias renovadas.
ELENCO TEMÁTICO:
1.
A
violência dentro da Família
1. 1.
Violência conjugal
1. 2.
Violência dos pais nos filhos
1. 3.
Violência entre irmãos
1. 4.
Violência do aborto e da eutanásia
1. 5.
Violência do abandono das crianças e dos idosos
2.
A
violência nos domínios legislativo, económico e fiscal
2. 1.
As leis que não apoiam a família
2. 2.
Leis da emigração
2. 3. As políticas económicas e a Família
2. 4.
Determinadas medidas fiscais induzem cônjuges a optarem por
uma separação legal (apenas teórica) para não perderem
privilégios fiscais…
2. 5. Protecção aos casais em união de facto no
IRS
3. A
violência no âmbito laboral.
3. 1.
Trabalho infantil
3. 2.
A angústia do desemprego e a facilidade com que se encerram
postos de trabalho sem respeito pela dignidade humana do
trabalhador
3. 3.
As reformas de miséria que não permitem um viver com dignidade
3. 4.
Dificuldades de contrato a mulheres em idade de fecundidade ou
grávidas
3. 5.
Assédio sexual de patrões e quadros para garantir emprego e
benefícios
3. 6.
Linguagem torpe e suja nos lugares de trabalho
3. 7.
Ausência de condições de locais de trabalho
3. 8.
Trabalhos demasiado prolongados sem intervalos para descansar
3. 9.
Idosos com trabalhos agrícolas duros de mais para a idade,
para sobreviver
3. 10.
O desconforto da posição do corpo, horas seguidas, no
atendimento ou trabalho
4. A
violência dos Meios de Comunicação Social
4. 1.
Programas da TV com violência a qualquer momento
4. 2.
Programas para crianças com os heróis da violência
4. 3.
Pornografia acessível nos quiosques à porta das escolas
4. 4.
A insolência no expor a discordância, sem respeito nem
dignidade
4. 5.
O atirar com as pessoas para verdadeiro julgamento na praça
pública
4. 6.
A falta de respeito pela privacidade e mundo íntimo das
pessoas
4. 7.
A linguagem a atitudes escabrosas de programas televisivos
4. 8.
Primado do sensacionalismo, em detrimento do conveniente e do
razoável
5. A
violência na convivência social
5. 1.
Primazia do individualismo e egoísmo (“cada qual que se
arranje”)
5. 2.
A falta de respeito pelas normas do trânsito… e na condução…
5. 3.
O passar à frente e o atropelo nas listas de espera
5. 4.
A falta de limpeza e de higiene nos lugares públicos
5. 5.
Insegurança nas ruas e ameaças contínuas de assalto por
esticão
5. 6.
Palavrões sujos na TV, nos espectáculos, na rua, nos lugares
de trabalho
5. 7.
Abuso de autoridade e desrespeito total da mesma
5. 8.
Frequência do crime que chega até ao violento
5. 9.
Desrespeito pela propriedade alheia
6.
A violência no âmbito escolar
6. 1.
Ausência de uma educação para a compreensão da diferença e da
tolerância
6. 2.
Valorização excessiva do espírito competitivo
6. 3.
Facilidade no recurso a meios extremos (fechar portas a
cadeado, greves, manifestações menos educadas ou até
insolentes) para obter fins às vezes pouco transparentes ou
duvidosos
6. 4.
Violência de professores em relação a alunos
6. 5.
Violência de alunos em relação a professores, pessoal não
docente e colegas
6. 6.
Alheamento e por vezes apoio dos pais em relação à
indisciplina dos filhos
6. 7.
Indiferença das escolas em relação a estas situações por não
saída para elas
6. 8.
Resignação dos professores incapazes de manter disciplina nas
aulas
Respeitar o OUTRO, de forma activa, é a
resposta a toda e qualquer forma de violência. Dizer não à
violência, de forma comprometida, é a resposta dos defensores
da VIDA em todas as suas manifestações, para que esta seja
MAIS VIDA nesta sociedade em que vivemos, da qual a família é
a “célula base”, o “santuário inviolável da vida”.
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