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ARTIGO
 
Género, o que é?
Por trás da palavra género esconde-se toda uma ideologia...

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

 

Hoje em dia, muitas vezes a palavra “género” aparece em contextos onde esperávamos encontrar a palavra “sexo”. Em vez de se falar de diferença entre os sexos, fala-se de diferença entre os géneros. Em vez de discriminação por causa de sexo, fala-se em discriminação por causa de género. As pessoas desavisadas podem achar que o termo “género” é inofensivo. Seria apenas um sinónimo de sexo. No entanto tal palavra esconde toda uma ideologia: a “ideologia de género”. Sobre este assunto, a Conferência Episcopal Peruana elaborou um documento “La ideología de género: sus peligros y sus alcances [1], publicado em Abril de 1998, cujo conteúdo pretendo resumir aqui. A chamada “perspectiva de género” resume-se nos seguintes princípios:

1. Não existe um homem natural nem uma mulher natural. O ser humano nasce sexualmente neutro. A sociedade é que constrói os papéis masculinos ou femininos. “Géneros” são papéis socialmente construídos.

2. Não é a natureza, mas a sociedade que impõe à mulher e ao homem certos comportamentos e certas normas diferentes. Assim, se desde pequena a mulher brinca com bonecas e casinhas, isso não se deve a um instinto materno (que para as feministas de género não existe), mas simplesmente a uma convenção social. Se as mulheres se casam com homens, e não com outras mulheres, isso não se deve a uma lei da natureza, mas uma construção da sociedade. Se os homens se sentem na obrigação de trabalhar fora de casa para sustentar a família, enquanto as mulheres sentem necessidade de ficar junto aos filhos, nada disso é natural. São meros papéis, desempenhados por tradição, mas que poderiam perfeitamente ser trocados.

3. Tais ideias, que são consideradas meras construções sociais, servem para justificar o domínio da mulher pelo homem. Assim, a mulher, ingenuamente, “acredita” que o seu lugar mais importante é o lar, que nasceu para ser mãe, que deve sacrificar-se pelos filhos, que deve ser fiel ao marido... Tais “construções sociais” não têm fundamento, dizem as feministas radicais. Assim, é preciso “desconstruir” tais ideias, consciencializando a mulher de que está a ser enganada e explorada.

4. Uma vez liberta de tais “construções sociais”, a mulher vê-se livre para se construir a si mesma: pode livremente optar por ser lésbica, por não ser mãe ou por matar o filho que concebeu (ou, como se diz, “interromper a gravidez”). Tudo passa a ser permitido.

O marxismo: origem da ideologia de género

A ideologia de género, que causou enorme discussão na IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Mulher (Pequim, 1995), tem a sua origem em Frederick Engels, amigo inseparável de Karl Marx. No seu livro “A origem da família, da propriedade e do Estado” (1884), Engels dizia:

O primeiro antagonismo de classes da história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher, unidos em matrimónio monogâmico, e a primeira opressão de uma classe por outra, com a do sexo feminino pelo sexo masculino [2].

Segundo a doutrina marxista, não há conciliação possível entre as classes. Operários e patrões são necessariamente inimigos. Os operários não devem buscar melhorias para sua classe. Devem fazer uma revolução, que terá por fim acabar com as classes. Marx pregava uma tomada do poder pelo proletariado. Depois de algum tempo, o Estado iria desaparecer, não haveria mais classes sociais e tudo seria comum. Seria instaurado o comunismo.

Seguindo a mesma linha, o feminismo actual, com bases no marxismo, não deseja simplesmente melhorias para as mulheres. Deseja eliminar as “classes sexuais”. Diz a feminista radical Shulamith Firestone, no seu livro “The Dialectic of Sex (A dialética do sexo):

“... assegurar a eliminação das classes sexuais requer que a classe subjugada (as mulheres) faça uma revolução e se apodere do controle da reprodução, que se devolva às mulheres a propriedade sobre seus próprios corpos, como também o controle feminino da fertilidade humana, incluindo tanto as novas tecnologias como todas as instituições sociais de nascimento e cuidado de crianças. E assim como a meta final da revolução socialista era não só acabar com o privilégio da classe económica, mas com a própria distinção entre classes económicas, a meta definitiva da revolução feminista deve ser igualmente — em contraste com o primeiro movimento feminista — não simplesmente acabar com o privilégio masculino, mas com a própria distinção de sexos: as diferenças genitais entre os seres humanos já não importariam culturalmente”.

As feministas de género, fiéis à visão marxista, dizem que toda a desigualdade é injusta. Que o trabalho exercido pelo homem seja diferente do exercido pela mulher é simplesmente uma injustiça institucionalizada. É preciso acabar com ela. A respeito da mulher que opta por ficar em seu lar cuidando dos filhos, diz a feminista Christina Hoff Sommers:

Pensamos que nenhuma mulher deveria ter esta opção. Não se deveria autorizar nenhuma mulher a ficar em casa para cuidar dos seus filhos. A sociedade deve ser totalmente diferente. As mulheres não devem ter essa opção, porque se essa opção existe, demasiadas mulheres decidirão por ela [3].

Redefinição de família

O feminismo de género é inimigo frontal da família, lugar em que os papéis de cada sexo são “socialmente construídos”. Para abolir a família, é mais eficiente conservar o seu nome e mudar o seu sentido. Família poderia significar não apenas a união perpétua entre um homem e uma mulher com seus filhos (como nós a conhecemos), mas também, por exemplo, a união de duas lésbicas e mais uma criança gerada por inseminação artificial; ou então dois homossexuais e um filho “adoptivo”.

A recém-aprovada Lei brasileira 11.340, de 7 de Agosto de 2006, conhecida como “Lei Maria da Penha”, redefine família como “a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa” (art. 5°, II). E acrescenta: “As relações pessoais enunciadas neste artigo não dependem de orientação sexual” (art. 5°, parágrafo único). Essa lei, sancionada com o objectivo de coibir a violência contra a mulher, pretende ser o cumprimento da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), que o Brasil assinou em 1981 e ratificou em 1984. O texto da Convenção nada fala em favor do aborto ou do homossexualismo. Mas o Comité internacional estabelecido para acompanhar o cumprimento da Convenção tem defendido abertamente tais ideias. Curioso é o texto em que o Comité critica a Bielo-Rússia pela reintrodução do “Dia das Mães” e do “Prémio das Mães”:

“Preocupa o Comité a contínua prevalência dos estereótipos do papel de cada sexo e a reintrodução de símbolos como o ‘Dia das Mães’ e o ‘Prémio das Mães’, que é visto como um encorajamento aos papéis tradicionais das mulheres. Preocupa também que a introdução da educação dos direitos humanos e de género, em oposição a tal estereótipos, não esteja sendo efectivamente implementada.”[4]

Como se vê, a educação sob a perspectiva de género é indicada pelo Comité como remédio para a falta cometida pela Bielo-Rússia, de instituir um dia para valorizar a maternidade da mulher, que é apenas um “papel tradicional” a ser eliminado.

Homofobia

Se nada há de natural na complementaridade homem-mulher, os que criticam a homossexualidade devem ser punidos como “homofóbicos”. Pelo Projeto de Lei 5003-B, de 2001, aprovado pela Câmara em 23/11/2006, a prática de actos de homossexualidade deixa de ser vício e passa a ser direito humano. Essa proposição, que vai agora à apreciação pelo Senado, cria várias condutas consideradas crimes de “homofobia”. A punição para o reitor de um seminário que não admita o ingresso de um aluno homossexual está prevista para 3 a 5 anos de reclusão (art. 5°)[5]. Aquele que ousar proibir ou impedir a prática de um acto obsceno (“manifestação de afectividade”) praticado em público por homossexuais receberá idêntica sanção penal (art. 7°). Interessante é como a palavra “género” aparece tantas vezes na proposta legislativa. Já em seu artigo 1°, ela diz que pretende definir “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de género, sexo, orientação sexual e identidade de género”.

É preocupante que a “perspectiva de género” esteja presente entre os propósitos do segundo governo Lula. À promoção da homossexualidade é dedicado um caderno de 14 páginas: “Lula presidente: construindo um Brasil sem homofobia: Programa Setorial Cidadania GLBT 2007 / 2010. Sem o menor escrúpulo, o presidente se compromete a aprovar a “união civil entre pessoas do mesmo sexo, estendendo aos casais homossexuais os mesmos direitos que os casais heterossexuais possuem. Inclusive o reconhecimento e protecção de suas famílias, garantindo o direito à adopção” (p. 13).[6]

 

A doutrina cristã sobre a sexualidade

Homens e mulheres são diferentes, mas não são inimigos natos. Ao contrário, são mutuamente complementares. Um precisa do outro e completa-se no outro.[7] Porém, pela ideologia de género, esta visão cristã que vê em cada sexo uma vocação e missão específica é taxada de visão “sexista”. O “sexismo” e a “homofobia” são dois inimigos a serem combatidos por essa ideologia. Como se percebe, quem tem coragem para defender a doutrina cristã deve estar pronto para ser perseguido.

 


 

[1] CONFERENCIA EPISCOPAL PERUANA. Comisión Episcopal de Apostolado Laical. Comisión ad–hoc de la mujer. La ideología de género: sus peligros y alcances. Lima, abr. 1998. Disponível em http://www.vidahumana.org/vidafam/iglesia/genero.html.

[2] ENGELS, Frederick , The Origin of the Family, Property and the State, International Publishers, New York , 1972, pp. 65-66.

[3] SOMMERS, Christina Hoff. Who Stole Feminism?, Simon & Shuster , New York , 1994, p.257.

[4] Concluding Observations of the Committee on the Elimination of Discrimination Against Women: Belarus . 31/01/2000, n. 361.

[5] Recusar, negar, impedir, preterir, prejudicar, retardar ou excluir, em qualquer sistema de seleção educacional, recrutamento ou promoção funcional ou profissional:  
Pena – reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos.

[6] Disponível em: <http://www.lulapresidente.org.br/site/download/militante/cartilha/GLBT_205x265.zip>

[7] Cf. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo. 31 Maio 2004.

 

 

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