Dedicação da Catedral de Coimbra :: Homilia de Dom Virgílio

SOLENIDADE DA DEDICAÇÃO DA CATEDRAL DE COIMBRA

SÉ VELHA – 2019.11.16

1 Rs 8, 22-23.27-30; 1 Pd 2, 4-9; Lc 19, 1-10

           

Caríssimos irmãos e irmãs!

A solenidade da Dedicação da Catedral vai muito para além da veneração que temos por este templo antigo e belo a que chamamos Sé Velha. Esta solenidade recorda-nos que somos verdadeira Igreja de Deus, verdadeiro Povo Santo de Deus a caminhar nestas terras de Coimbra desde há muitos séculos, desde aquele dia em que aqui se ouviu proclamar pela primeira vez o nome de Jesus como o Senhor, como o Messias, como o Filho de Deus e Salvador do mundo pela sua morte e ressurreição.

A conversão a Cristo, o batismo e a eucaristia, sacramentos desde então celebrados, fizeram chegar até hoje a fé da Igreja, como dom inestimável do amor de Deus por nós. Passaram culturas e povos, tempos de paz e tempos de guerra, momentos favoráveis e adversos, mas a fé em Jesus Cristo simbolizada nestas pedras e nesta construção permanece. Mesmo na sociedade dita secularizada que é a do nosso tempo, este templo de aspeto robusto e austero, de arquitetura defensiva, continua a erguer-se como bastião da possibilidade que toda a humanidade tem de acolher a Deus na sua vida e ser salva por Jesus Cristo.

O que desejamos é que neste lugar, Igreja Mãe da Diocese de Coimbra, como em tantos outros lugares edificados neste vasto território, continue a proclamar-se a Boa Nova da Salvação, no ambão, a mesa de Palavra, e a oferecer-se Deus o sacrifício de Jesus Cristo, no altar, a mesa da Eucaristia.

 

Escolhemos para esta celebração a leitura do Evangelho de Lucas que nos narra o encontro de Jesus com um homem rico, o chefe de publicanos, Zaqueu, de pequena estatura, que desejava ver Jesus.

A figura de Jesus é tão sugestiva que, mesmo aquele homem que andava por outros caminhos, sentiu uma imensa vontade de O ver, para ouvir as suas palavras e O conhecer. Ao sentir-se olhado por Jesus com misericórdia e ao ouvir a sua proposta de amizade e confiança – Zaqueu, eu hoje devo ficar em tua casa – operou-se algo de grandioso na sua pessoa, deu-se a conversão e a mudança, que nem ele nem os circunstantes esperavam.

As palavras de Jesus, “hoje entrou a salvação nesta casa” resumem o significado daquele encontro e dizem em que consiste ainda hoje a missão da Igreja, Corpo de Cristo e mistério de comunhão de Deus com a humanidade: ser portadora da salvação de Cristo a uma humanidade que tem sede, mesmo que nem sempre possa identificar a sua sede.

A Igreja que somos é chamada a proclamar as palavras de Jesus dentro do templo em que celebra os mistérios da fé, mas igualmente nos areópagos onde é urgente oferecer palavras de esperança e salvação; é também chamada a celebrar o sacrifício de Cristo no altar da Eucaristia e a dar-lhe continuidade nos lugares onde homens e mulheres de todas as condições precisam de sinais de amor, de perdão, de reconciliação e de redenção.

A Igreja, na fidelidade a Cristo, seu fundador e seu mestre, é convidada a sair para ir às cidades onde se encontram as multidões ou às aldeias onde estão as pessoas isoladas, para lhes mostrar Jesus, Aquele que quer entrar em toda a casa onde houver alguém desejoso de O ver e de O ouvir.

Ao escolhermos como lema deste ano pastoral a frase de 1 Jo 1, 3, “o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos”, estamos a lembrar toda a comunidade diocesana que o encontro com o Senhor é o motor de toda a evangelização e que quando se experimenta a conversão, a vida muda e a alegria não pode ser abafada. Nessa altura, o que vimos e ouvimos, isso comunicamos com palavras, com obras, com a vida.

 

A mesma narração do encontro de Jesus com Zaqueu faz-nos compreender que ninguém pode ser excluído do acesso a Cristo e à Boa Nova da Salvação. Jesus ultrapassou todas as fronteiras existentes no seu tempo e fez um anúncio alargado a todo o tipo de pessoas, mesmo àquelas que, segundo os cânones sociais e religiosos da época, não era suposto serem interpeladas por Ele ou aderirem à sua mensagem.

A mensagem de Jesus foi universal e sempre aberta a todos os povos da terra. Ele nunca excluiu ninguém do número daqueles a quem quis oferecer a salvação de Deus e manifestou sempre uma proximidade e um carinho especiais pelos excluídos ou pelos que se situavam nas periferias humanas, sociais ou religiosas. Jesus dirigiu-se a todo o ser humano como um destinatário privilegiado da Boa Nova da Salvação de Deus e como alguém que tem um lugar especial no Seu coração. Aproximou-se de todos com humildade e com firmeza, com amor e com confiança, acolhendo e esperando ser acolhido.

Nestas atitudes de Jesus, encontramos, caríssimos irmãos e irmãs, um programa para a nossa Igreja Diocesana de Coimbra, chamada a dar continuidade ao ministério de Jesus que anuncia a Boa Nova da Salvação de Deus.

Muitos cristãos e muitas comunidades sofrem um grave complexo de inferioridade para o qual a sociedade os foi empurrando, como se a fé cristã e a condição de membros da Igreja fosse algo anacrónico. A falta de fortaleza da fé aliada a uma escassa formação teológica e espiritual deixam a muitos numa espécie de indiferença e a outros sem o entusiasmo necessário para comunicar a experiência feliz de encontro com Cristo.

A nossa Diocese e a nossa cidade são destinatárias privilegiadas do Evangelho e nada nos pode fazer vacilar diante da missão de evangelizar que o Senhor nos confiou. Ao longo dos séculos, Coimbra foi lugar de diálogo entre fé e cultura, entre teologia e ciência, numa convergência harmoniosa dos caminhos da fé e da razão. Com a humildade caraterística de todos os buscadores da verdade, essa continua ser a vocação da nossa diocese e da nossa cidade.

A Sé Velha, que acompanhou esse longo percurso histórico, continua a ter a ser símbolo dos caminhos de proclamação do Evangelho que, pelo amor do Espírito Santo pode converter a inteligência e o coração de todos os que procuram a verdade na caridade.

 

De novo, neste dia da Dedicação da Catedral, confiamos a Santa Maria de Coimbra todo o Povo de Deus da nossa Diocese e pedimos que acompanhe a missão que alegremente acolhemos de anunciar a Boa Nova de Jesus Salvador.

Coimbra, 16 de novembro de 2019
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

 

 

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