DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR - CATEDRAL DE COIMBRA, 2012

Caríssimos irmãos!

A aclamação de Jesus há dois mil anos foi uma manifestação de esperança na realização da promessa de Deus por meio dos profetas, que anunciaram a vinda de um Messias, Salvador e Senhor.

A nossa aclamação de hoje, Igreja de Deus, deve-se à fé no Messias, Salvador e Senhor que cumpriu a promessa: veio trazer uma palavra de alento aos desanimados, obedeceu até à morte e morte de cruz e, por isso, Deus lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, como diziam os textos da liturgia.

Aclamamos, por isso, o Senhor, que realizou o maior gesto de amor ao oferecer a sua vida por todos os que estavam perdidos, por cada um de nós. Longe de ser uma aclamação triunfalista ou uma manifestação de poder do homem ou do poder de Deus, trata-se de um reconhecimento de que é na obediência, no serviço e no amor, que está a salvação do mundo.

Aclamamos com esperança, a Cristo na cruz, Aquele que dá a sua vida para alcançar a nossa vida. Não há outra chave que possa transformar o nosso mundo nem para levar os corações de homens e mulheres a construir uma sociedade feliz.

A contemplação de Cristo crucificado e o amor à nossa cruz são o binómio mais forte para unir o trabalho humano ao poder de Deus. Por esta união das cruzes dos homens à cruz de Cristo passam as saídas para as vias fechadas nas quais desesperamos, quando ficamos sozinhos com as nossas dores. Aqui está a via de construção das famílias, lugar de partilha total de vida; aqui se encontram as linhas de fundo para o desenvolvimento económico, centrado no bem do bem integral do ser humano; aqui se encontra a razão de ser da cultura da vida em todas as circunstâncias, na certeza de que a alegria e o amor se manifestam mais no dar do que no exigir ou receber; aqui reside a orientação profunda de qualquer cultura ou civilização, a construção do Homem realizado e feliz.

Depois da euforia da crença no Homem e na sua capacidade de salvar-se, é tempo de voltarmos à fé no Deus que entregou o Seu Filho à morte e é o nosso Salvador – essa é a lição da cruz; depois da exaltação da necessidade de buscar soluções para os problemas pessoais, voltemos a olhar para a urgência de buscar em conjunto saídas para todos, que passam pelo sacrifício de nós mesmos – essa é igualmente a linguagem da cruz.

Nesta celebração da Páscoa do Senhor, entremos com alegria no mistério da sua entrega ao Pai, da sua cruz e ressurreição, do seu amor. Busquemos aí o sentido e a esperança para as nossas vidas; comprometamo-nos a ser no mundo testemunhas do único amor que salva o mundo: o nosso amor unido ao seu amor.

 

Coimbra, Sé Nova, 01 de Abril de 2012

Virgílio do Nascimento Antunes

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