ASCENSÃO DO SENHOR - Festa das Famílias - Soure - 2012-05-20

A festa diocesana das famílias que estamos a celebrar, aqui em Soure, é a festa da Igreja, do Povo de Deus, grande família constituída por inúmeras pequenas famílias. O Concílio Vaticano II chamou a cada uma delas igreja doméstica, pequeno santuário do amor humano, expressão maior do amor divino, lugar da oferta do sacrifício quotidiano da vida em união com o sacrifício total de Cristo sobre o altar da Eucaristia Dominical.

Saúdo, neste momento, todas as famílias aqui reunidas na celebração da Eucaristia, todas as famílias da diocese de Coimbra e todas as que acompanham esta celebração pela Rádio Renascença. A todas manifesto a presença solícita da Igreja, nas variadas situações em que se encontram, na pessoa de cada um dos seus membros. Envio um especial abraço para os que estão desunidos, para os que estão doentes ou a sofrer por qualquer motivo, desejando-lhes um rápido reencontro, o restabelecimento da saúde e a conquista dos meios necessários para uma vida feliz.

Ao subir ao Céu, o Senhor Ressuscitado, quis deixar aos seus apóstolos a última mensagem: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem a creditar e for batizado, será salvo. Eles entenderam-nas como um mandato ao qual não podiam renunciar e que havia de empenhar-lhes a totalidade da vida. Partiram de terra em terra, com sacrifício e dedicação a proclamar as maravilhas da salvação, e muitos acolheram Cristo no coração e na vida; tornaram-se discípulos.

Também a família cristã nasce deste anúncio, de modo que o sacramento do matrimónio toma o lugar das anteriores tradições sociais e religiosas e origina um novo modo de constituir família e unir os esposos. Grande riqueza surgiu no mundo, quando o amor humano, a mais nobre realidade que pode habitar os nossos corações, foi selado com a bênção de Deus, quando o Espírito Santo passou a ser acolhido como o laço que une indissoluvelmente os esposos e quando o Senhor Jesus Cristo foi convidado a ser o habitante invisível de cada lar cristão.

O anúncio da Boa Nova, pedido por Jesus antes de subir ao Céu, comporta em si uma novidade sobre a família: afirma que ela se inscreve no plano de Deus como lugar primeiro de comunhão de pessoas, imagem da comunhão do Deus Trindade; como lugar de amor mútuo, reflexo do amor de Deus pelo seu povo; como lugar de construção da Igreja, enquanto corpo de Cristo.

No momento histórico presente, em que a Igreja nos pede que façamos uma nova evangelização, olhamos certamente para a família como sua destinatária e protagonista, a par da comunidade cristã mais alargada.

É urgente uma nova evangelização das famílias, porque os esposos perderam frequentemente o sentido cristão da sua união, do matrimónio que celebraram, e a fé deixou de fazer parte das suas vidas. Facilmente deixam de partilhar a sua fé, de rezar juntos e de participar unidos na celebração da missa dominical. Deus torna-se um ausente das suas vidas.

Por vezes, quando os filhos começam a crescer ou chegam à catequese, os pais voltam a sentir que andaram longe da Deus; mas falta-lhes agora a frescura da fé para que a possam transmitir de forma convincente aos filhos; vive-se nessa altura o grande problema da falta de testemunho crente e a comunidade cristã não consegue transmitir uma experiência de vida que somente a família tem capacidade de proporcionar.

A Igreja tem o dever de proporcionar os meios necessários para o crescimento da fé das famílias cristãs. Fá-lo quando propõe a catequese das crianças, dos jovens e dos adultos; quando incentiva à oração familiar e à celebração da missa dominical; quando oferece a possibilidade de uma séria preparação para o matrimónio e a sua celebração festiva. Deve fazê-lo também por meio das ações pastorais dirigidas a casais ou famílias e por meio dos movimentos de espiritualidade matrimonial e familiar.

Neste dia da festa das famílias, faço um apelo a toda a diocese de Coimbra, no sentido de investir muitas das suas energias na revitalização de todos os meios de pastoral e espiritualidade familiar já existentes entre nós, tanto os que dependem dos movimentos de espiritualidade, como os que são propostos pelos Secretariados Diocesanos e, concretamente, pelo Secretariado Diocesana da pastoral Familiar.

Coincide esta festa das famílias com o Dia Mundial das Comunicações Sociais, para o qual o santo Padre nos enviou uma mensagem sobre a Palavra e o Silêncio na Evangelização. Trata-se, no fundo, da questão do testemunho de vida, que se exprime pelas palavras e pelas obras, depois de ser forjado pelo silêncio orante da escuta da voz de Deus. No tempo do ruído perturbador, próprio da sociedade urbana onde as pessoas fogem de si mesmas, impõe-se o silêncio que conduza ao encontro, à ponderação, às razões de viver. No meio da confusão das palavras humanas, contraditórias e vazias de sentido, impõe-se a procura da Palavra de Verdade, que alimenta e satisfaz.

É em casa que se tem de ensaiar este equilíbrio entre a palavra e o silêncio, que inclui a criação do espaço de reflexão, conselho, exortação, liberdade. É na família que têm de proporcionar-se os critérios para o reto uso dos meios de comunicação social, no adequado discernimento do espaço e do tempo, na seleção do que interessa e do que prejudica a serenidade e a paz. É na relação entre as pessoas dentro da família que as palavras têm de ter mais peso e o silêncio deve ser mais eloquente.

A Igreja volta-se para as famílias cristãs animada por uma grande esperança na sua ação empenhada em favor da evangelização. Dando continuidade ao mandato de Jesus, envia agora todos os discípulos e, especialmente todos os membros das famílias cristãs, a anunciar a Boa Nova da salvação, por meio das palavras e das obras, pelo silêncio e pelo testemunho.

Com o auxílio de Maria, esposa e mãe que, no silêncio do seu coração acolheu a palavra viva, Jesus Cristo, nosso Salvador. Amén.

 

Festa das Famílias, Soure, 20 de Maio de 2012

Virgílio do Nascimento Antunes

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