250 Anos da Sé Nova - Missa e Dedicação do novo Altar - Homilia de Dom Virgílio

SÉ NOVA DE COIMBRA – 250 ANOS - MISSA E DEDICAÇÃO DO NOVO ALTAR

Caríssimos irmãos e irmãs!

Estamos a comemorar os 250 anos da entrega da antiga Igreja do Colégio da Companhia de Jesus, a Sé Nova, ao bispo e ao cabido, altura em que passou a ser usada como catedral da Diocese de Coimbra.

Deixamos aos historiadores a clarificação das querelas históricas que a isso conduziram e que poderão incluir mal-entendidos e injustiças. Deixamos também de parte, hoje, as disputas acerca da relação entre a Sé Nova e a Sé Velha, pois são duas construções magníficas, altamente marcantes, a seu modo, da vida religiosa, cultural e social da nossa cidade e da nossa Diocese. Preferimos a unidade à divisão, a paz à perturbação, a comunhão ao desfiar de argumentos apaixonados que dificultam a aproximação serena à realidade. Somos mais ricos por termos uma Sé Nova e uma Sé Velha, duas filhas da mesma Igreja e a marcar o ritmo da caminhada plurissecular do povo cristão que nós somos. Damos graças a Deus pelos que nos precederam e nos legaram a fé, a pertença à Igreja e também estes dois templos que, implantados na terra que é a nossa cidade, sempre nos sugerem os valores do alto.

Nesta data festiva, fixamo-nos no significado que assume a Sé Nova no percurso da Igreja Diocesana ao longo destes 250 anos, mas, mais ainda, na vocação e missão do Povo de Deus que nela se reúne nos seus grandes momentos comunitários de celebração da fé e que nela tem um dos seus maiores símbolos da comunhão.

Na história passada recordamos como aqui estudaram, investigaram e progrediram nas ciências humanas e teológicas bem como nas ciências experimentais, homens que marcaram o ritmo espiritual e cultural do mundo.

Nos dois séculos e meio que nos precederam, lembramos o Povo de Deus, que aqui acorreu carregado com as suas alegrias e dores e daqui partiu com uma esperança renovada a partir da fé alimentada pela Palavra da Escritura e pela graça dos sacramentos.

Na última década pude também eu viver juntamente convosco, neste lugar sagrado, os acontecimentos de maior relevância para a vida da Igreja Diocesana: ordenações de presbíteros e diáconos, o crisma de elevado número jovens e adultos, as bênçãos das pastas, o ano da fé, o jubileu da misericórdia e tantos outros momentos, mesmo que de menores dimensões, que continuam a marcar a vida de fé e de esperança do nosso tempo e da nossa terra. Foram acontecimentos da graça de Deus e continuam na nossa memória e no nosso coração a desafiar-nos para as atitudes evangélicas em que havemos de edificar a nossa vida.

Na sua humilde pobreza ou na sua nobre riqueza, o templo é sempre lugar de encontro entre Deus e o Seu Povo. No deserto, a tenda da reunião montada no meio do acampamento dos filhos de Israel, é o lugar em que habita a glória de Deus e em que é venerado o Seu nome – é o lugar do encontro, da amizade e da paz, como nos narram os livros bíblicos.

Na sua visão, o autor do livro do Apocalipse contempla a morada de Deus com os homens, no meio do mundo em que o encontro se dá, em que irradia a luz do Senhor Deus e em que se acede aos frutos da Árvore da Vida, que traz o verdadeiro remédio para os males que afligem as nações. No centro está o Cordeiro que, como lâmpada, ilumina as mentes e os corações - Aquele que renova todas as coisas.

Continuando a usar a metáfora da construção, o Apóstolo Pedro convidava-nos a aproximarmo-nos do Senhor, a pedra angular, e a entrarmos na edificação do templo espiritual por meio da fé. Por sua vez, o Evangelista João exortava-nos a adorar o Pai em espírito e verdade, ou seja, com o coração e com a vida sintonizados com Cristo que, tendo passado pela sua hora de paixão e glorificação, é o novo templo de Deus.

A catedral diocesana é símbolo da Igreja Povo Santo de Deus e, no centro da Igreja, está Cristo, a pedra angular, à volta do qual se reúnem os irmãos em assembleia que escuta, que ora e que louva, homens e mulheres batizados na água e no Espírito.

O altar da celebração da Eucaristia simboliza Cristo, pois nele se comemora o memorial da sua Páscoa - paixão, morte e ressurreição - em que todos os fiéis recebem a Sua graça e a Sua força salvífica. Junto do altar está o lugar da proclamação da Palavra de Deus, que é o mesmo Cristo, o Verbo Incarnado, Morto e Ressuscitado, que fala, exorta e guia as nossas vidas. Dali, Eucaristia e Palavra, brota a Vida Nova a que somos chamados; ali se realiza o louvor cultual que, com Cristo, por Cristo e em Cristo, elevamos até ao Pai; para ali conflui toda a nossa realidade e dali levamos a iluminação para todos os momentos da nossa existência, em que continuaremos na entrega quotidiana de amor ao próximo a adorar a Deus em espírito e verdade.

A celebração desta efeméride convoca-nos para a renovação da Igreja que somos, bem enraizados em Cristo e entusiasmados com a vivência e testemunho da fé. Querendo sintetizar em poucas palavras o desafio que assumimos, socorremo-nos da tríade que carateriza a Igreja Sinodal reproposta pela Igreja: comunhão, participação e missão.

O Deus que por meio de Jesus Cristo montou a sua tenda no meio de nós para estar sempre connosco, é a nossa origem e a nossa fonte de vida. A comunhão de fé e de amor com Ele sustenta-nos neste percurso e impele-nos para a comunhão com os irmãos, nesta Igreja que nos acolhe como Mãe. Sentimos cada vez mais forte o desafio da unidade e da comunhão com Deus e com a Igreja, pois tão facilmente é ameaçada pelos particularismos dos nossos gostos e da nossa vontade. Ministros ordenados e leigos, somos convocados para a comunhão eclesial sentida, efetiva e visível.

A participação alargada dos fiéis na construção da Igreja por meio da sua santidade de vida e pela sua ação direta na comunidade cristã é uma realidade a crescer. Há, no entanto, ainda, muitas resistências e muitos cristãos à espera que alguém se ocupe da comunidade como se ela fosse uma realidade que não lhe diz respeito. No acolhimento dos dons, vocações, serviços e ministérios que Deus concede à nossa Igreja de Coimbra, somos convocados para participar ativamente na sua edificação e para favorecer a participação de todos.

A missão da nossa Igreja diocesana é feliz e é grande: colaborar com Jesus Cristo na obra de ajudar todos e cada um a crescer na fé, na esperança e no amor, como sustento das suas vidas, estrada aberta para matar a sede de felicidade e caminho de salvação. A evangelização, que leva ao encontro com Cristo, é a nossa missão. Com audácia, criatividade, ardor, metodologia adequada, alegria e, sobretudo, com confiança no Espírito Santo, somos convocados para a missão de evangelizar a nossa Diocese.

Louvamos a Deus pela nossa Igreja Diocesana de filhos e irmãos e manifestamos o nosso amor por ela, trabalhando pela sua santificação e ao serviço da sua missão.

Neste dia da celebração solene da dedicação do novo altar, apresentamos ao Senhor a oferta da nossa vida, para que unida à Sua, se eleve como cântico de louvor ao Pai. E que nos proteja sempre a Virgem Mãe de Deus, Santa Maria de Coimbra.

Coimbra, 22 de outubro de 2022
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

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