Portugal: estamos mais sós e mais velhos

Portugal: estamos mais sós e mais velhos

Portugal é o 4.º país mais envelhecido do mundo. Em 2023, residem em Portugal 186 pessoas com 65 e mais anos por cada 100 jovens com menos de 15 anos, o que corresponde a mais de 2,5 milhões de pessoas. Hoje a idade mediana da população portuguesa é de 47 anos, quando era de 38,5 anos há duas décadas. E os idosos (65 anos ou mais) têm crescido, genericamente, mais de 2% ao ano, desde 2019. Portugal continua a envelhecer a um ritmo acelerado. 

Na União Europeia somos também o 4.º país com maior percentagem de idosos a viver sozinhos, no universo total de pessoas que vivem sós. Em Portugal, mais de um milhão de pessoas vivem sós, e destas mais de metade (55%) são idosos. 

O retrato populacional do país, apresentado pela Pordata a propósito do Dia Mundial da População, indica que os portugueses estão cada vez mais sozinhos. Isto apesar de sermos mais numerosos do que nunca. Pois, contrariamente ao indicado pelos cenários de todas as projeções, a população residente em Portugal entrou numa tendência de crescimento e não de decréscimo. 

Somos agora 10.578,2 milhões de residentes, o maior número das últimas cinco décadas. Isto acontece devido a saldos migratórios favoráveis, uma vez que a diferença entre nascimentos e óbitos, o saldo natural, continua negativa.

O Dia Mundial da População é comemorado a 11 de julho e foi adotado na Assembleia Geral das Nações Unidas de 21 de dezembro de 1990. Em 2024 tem como tema ‘Para não deixar ninguém para trás, conte com todos’.

Convém recordar que ‘Não deixar ninguém para trás’ é o mote da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um compromisso global assumido por todos os Estados-Membros das Nações Unidas, em 2015, e caminhar no sentido do cumprimento dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) à escala global, não só continua atual, como deve ser uma prioridade.

O Papa Francisco também assinalou o Dia Mundial da População, com uma publicação na rede social ‘X’: “O problema do nosso mundo não é o nascimento de crianças: é o egoísmo, o consumismo e o individualismo, que tornam as pessoas saciadas, sozinhas e infelizes”.

O Papa alertou, na 4ª edição dos Estados Gerais da Natalidade, que decorreram a 10 de maio, em Roma, para o envelhecimento da Europa e pediu políticas de apoio para os jovens e as famílias, sublinhando que os filhos são um “dom”, nunca um “problema”.

“A vida humana não é um problema, é um dom. E na origem da poluição e da fome no mundo não estão as crianças que nascem, mas as escolhas de quem só pensa em si próprio, o delírio de um materialismo desenfreado, cego e desenfreado, de um consumismo que, como um vírus maligno, mina pela raiz a existência das pessoas e da sociedade”, assinalou Francisco, aos participantes do encontro promovido pelo Fórum das Associações Familiares.

Na União Europeia, as famílias numerosas (3 ou mais filhos) representam 13% das famílias com filhos, é o dobro da proporção de Portugal (6%). É, aliás, um país de “filhos únicos”: apenas 27% das famílias têm crianças e, entre estas, quase 2/3 têm apenas um filho. 

Portugal é o 1º país da União Europeia com maior proporção de agregados domésticos só com um filho, no total das famílias com filhos. As famílias monoparentais aumentaram 22% e o número de pessoas a viver só, aumentou 28%. 

Todos estes dados da Pordata devem-nos fazer refletir sobre as futuras políticas para o país. É urgente uma visão e uma estratégia de longo prazo.

Jorge Bernardino
Comissão Diocesana Justiça e Paz



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